Apoliticismo

"Um Brasil apolítico

Percorrendo os textos das obras citadas, nota-se uma nostalgia amarga em relação à situação do Brasil-colônia. Uma independência negociada entre a metrópole e as elites coloniais; uma constituição, outorgada em 1824, criada à sombra do absolutismo europeu; e um sistema eleitoral corroído até as entranhas por ter sido moldado pelos interesses elitistas. Ainda no período monárquico, os chamados 'homens bons' eram encarregados de perpetuar a influência real da coroa portuguesa tanto na oligarquia quanto na aristocracia. Enfim, todo um emaranhado burocrático e sistemático foi montado nos setores da sociedade colonial, dando garantias aos cidadãos com maior aquisição econômica, e excluindo os cidadãos menos abastados. A mentalidade popular criada a partir dessa estrutura social foi uma mentalidade ingênua, abatida e desvirtuada.

Alguns dos efeitos nocivos à sociedade colonial na época desdobram-se até os dias de hoje. A questão do coronelismo, o nepotismo, a visão 'plebéia' que o povo tem de si mesmo, entre outras. Além disso, o povo-massa do Brasil, até hoje, não reconheceu ou não definiu os contornos de sua própria face. Assim sendo, quando se analisa o aspecto da alienação por parte do eleitorado brasileiro, necessariamente deve-se remeter à nossa bagagem histórico-cultural para se obter uma conclusão justa.

O apoliticismo no país hoje é mera conseqüência de fatos passados. O desinteresse pela política é gerado pela noção de afastamento entre o povo e as elites, o que deixou essa marca indelével no imaginário popular que distancia a política do cidadão comum. No caso da falta de ideologia, logicamente que ela é um efeito do pouco contato com a própria política. É uma anestesia geral aplicada pelos retalhos de um Estado historicamente problemático. Não há interesse de buscar solução, direitos, mudanças, afinal, o conformismo do povo brasileiro é interessante para a mídia, para as elites, e para o próprio governo."

Esse texto produzido por mim mesmo noutra ocasião tenta demonstrar uma justificativa para a alienação reinante no país e o desinteresse crasso da população brasileira em pleno século XXI. Mas, vendo por outro lado, esse caos da ignorância não pode ser mais tratado como mero fruto de fatos passados, mas deve ser encarado como um comodismo absoluto do povo hoje. Um jovem sem perspectiva, um adulto negligente e um velho conformado. Que pessoas são essas?

São BRASILEIROS. Uma população acostumada à escândalos, sensacionalismos e desgraças. Pessoas viram números, tragédias viram histórias pra dormir; enfim, somos um povo extremamente primitivo, conformado, ignorante. Que culpem a educação, o governo, o Estado, a História, a sociedade, o mundo, culpem a todos menos a vocês mesmos! Essa é a ironia de um povo sem face! Individualismo, hedonismo, relativismo.

-Individualismo: Cega a generosidade e mata a compaixão.

-Hedonismo: transforma os homens em animais, basicamente.

-Relativismo: Nada é verdade, nada é certo, o pesadelo do homem de bom senso e a revolução do homem pretensioso.

Aí, há comoção nacional pela morte da menina Isabella, há ausência de escrúpulos num ministro Mangabeira Unger, há ausência de escrúpulos nos ministros do STF, Ayres Britto que o diga!

Onde estão os brasileiros? No futebol? Nas artes? Mas, e a Política? Como fica? Fica à mercê de governantes que pouco se importam com o povo? O populismo do Lula é tão ganacioso e falso quanto a ignorância que ele tenta manter no seu discurso hipócrita. E não é possível que um povo assim se torne grande. Não há grandeza onde não há educação, esforço, aprendizagem.

Por isso, aposto na educação para a salvação do país. Os buracos desse país remendado são muitos, mas esse Estado em crise ainda não afundou totalmente na lama da perdição. Sejamos nós, o povo brasileiro, os responsáveis por essa mudança.

Enfim, deixo aí mais uma simplificada reflexão. Obrigado mais uma vez leitor!

Enrico Vizzini
Enviado por Enrico Vizzini em 21/05/2008
Reeditado em 30/05/2008
Código do texto: T999277