Cana: a vilã do momento

Os "verdes" são boas alternativas para a produção de combustíveis e é lógico a necessidade que haja um planejamento ambiental seguro. Plantações de cana-de-açúcar e mamona são renováveis, contudo, consomem água.

Tá certo que o governo não tem linha de financiamentos para pequeno e médio agricultor, que são cada vez mais sufocados por suas dívidas e preços dos insumos e que tem sempre uma usina de açúcar e álcool por perto cheia de grana, e a pleitear as terras para plantio de cana, Usina esta que o Governo Subsidiou e deu créditos do Próalcool por muito tempo, se for colocar na ponta do lápis mesmo os usineiros não desembolsaram nenhum centavo.

É claro que se investiu muito dinheiro em pesquisas e em tecnologias ao biocombustível e o garoto propaganda do álcool brasileiro é um cachaceiro, mas não se pode negar que hoje, o Brasil tem a liderança no mundo no acúmulo de conhecimento da tecnologia do álcool combustível, pois foram mais de 30 anos de pesquisa e desenvolvimento e desde que o Japão e a China começaram a prestar atenção no álcool brasileiro é que os países produtores de combustíveis sujos derivados do petróleo, começaram a jogar suas poderosas cartas contra o Brasil, e, lamentável, estamos entrando no jogo deles.

É claro que o maior problema da humanidade é a fome, mas é uma balela afirmar que plantar cana para fazer biocombustível é crime contra a humanidade. Se assim fosse, devemos parar de usar transporte público a álcool, de adoçar nosso cafezinho com açúcar, usar cachaça na nossa caipirinha e de doar 1kg de açúcar para entrar em show beneficente. Afinal, queremos salvar o mundo da fome, não é mesmo?

Não podemos negar que a troca do petróleo pelos biocombustíveis oferece fonte de lucro para países mais pobres (ex: na África). E se não se ajustar o problema da super-população mundial, o problema da fome nunca ficará resolvido.

O Brasil já produz biocombustivel há anos e porque só agora, com a tendência de exportações, estão se manifestando contra?

Especialistas que falam este tipo de bobagem com certeza estão recebendo algum por fora da indústria petrolífera que não mede esforços e nem meios para calar quem se levanta contra ela.

Outra que dizem é que o cultivo de cana ocupará áreas de outras culturas. O fato é que se afirmam em apenas dizeres que são vinculados e não os tratam com analises objetivas.

O cultivo da cana no Brasil representa apenas 1% da área cultivável do pais, repito... apenas 1%. E a tendência é que com o biocombustivel atingirá pouco mais de 3% da área cultivável do pais.

O fato em dizer que o cultivo de cana ocupará áreas de outras culturas é desconsiderar e analisar um grande fato que as plantações de cana-de-açúcar podem desaparecer das pequenas propriedades rurais nos próximos anos, com o advento do corte mecanizado das lavouras. A aquisição de patrulhas mecanizadas, que englobam colhedora, tratores e transbordos, não é compatível com o orçamento dos pequenos e médios fornecedores. A tendência é de que em áreas restritas ou com declives acentuados os canaviais sejam substituídos por outras culturas, como milho, soja, algodão e até em pastos.

Propriedades rurais com produção comercial, no Estado de SP. estima-se que 70% tenham menos de 100 hectares, o que caracteriza a predominância de pequenas e médias propriedades.

A colheita manual de cana crua é impraticável para o pequeno produtor sob todos os aspectos na opinião de especialistas, produtores e trabalhadores do setor. Com o fim do uso do fogo para facilitar o corte, daqui a seis anos, o único procedimento para retirá-la do solo será por meio de colhedoras, um processo que trará alterações profundas nos meios de produção. A cana cortada por máquinas não pode ser armazenada e a colheita terá de ser contínua. A área de exposição ao ar da matéria-prima será maior e a deterioração é mais rápida e não pode ser armazenada.

Além do mais, cada colhedora, que custa em média R$ 1,3 milhão, tem durabilidade de aproximadamente 10 mil horas. Isso significa que se trabalharem 20 horas por dia, em 150 dias de safra por ano, em três anos se transformam em um caco velho, que precisariam ser trocadas. Estima que em condições ideais, sem chuvas, uma máquina colhe 75 toneladas por hora. Em 20 horas diárias de trabalho, com a alternância de operadores, pode chegar a colher 225 mil toneladas de cana em um período de 150 dias por ano. É um investimento pesadíssimo, com durabilidade relativamente pequena e que passa agora a participar do dia-a-dia de quem permanecer no negócio da cana.

A maioria dessas áreas tem na cana sua principal atividade e boa parte dos fornecedores ainda não sabe como se preparar com a proibição do uso do fogo para a colheita. De acordo com o Protocolo Agroambiental, assinado por usineiros e fornecedores, o prazo para o fim da queima nas áreas mecanizáveis foi antecipado para 2014; as não mecanizáveis, 2017. Nas áreas novas é permitida somente a colheita mecanizada.

O prazo estipulado pode, à primeira vista, parecer ainda distante. Mas as ações vão exigir investimentos onerosos, tanto no caso de formação de consórcios para aquisição de máquinas, como no planejamento para a substituição de culturas agrícolas.

Praticamente todas as propriedades não comportariam a operação de colheita com máquinas.

Ocorre que em áreas muito pequenas, mesmo planas, pode não compensar para as usinas o deslocamento de colhedoras e transbordos. É uma questão de logística e deve variar, entre outros aspectos, de acordo com a distância da propriedade da unidade industrial.

Uma opção para os pequenos sitiantes é se organizar em grupos, por meio de associações ou cooperativas, para a aquisição de colhedoras. E em terrenos com muito declive, que não apresentam condições de colheita mecanizada, a opção é partir para outras culturas agrícolas.

A tendência é que essas áreas se voltem para atividades que eram tradicionais, como pastagem para gado de leite e de corte e café. Um cafezal com plantio adensado em dois alqueires é viável economicamente, desde que o produtor adote alta tecnologia, como irrigação. No Estado de São Paulo, ou o agricultor se moderniza ou sai do mercado.

Pequenos agricultores do Est. de São Paulo, do plantio de cana, já estão se antecipando às mudanças que devem sobrevir com o fim das queimadas e começam a promover a diversificação agrícola.

Em áreas de até 100 hectares que iriam reformar para o cultivo de cana, estão optando ao plantio de milho que é uma alternativa de cultura solteira que está com preço muito bom, a saca de 60 quilos está cotada entre R$ 25 e R$ 27, valores bem acima do preço histórico. Os agricultores realizam plantio escalonado do milho e inicia a colheita ainda neste mês de maio ou junho.

A mecanização da colheita de cana inegavelmente vai abrir possibilidade para novas lavouras no Estado. Creio que será uma transição que está ocorrendo em um momento em que a vilã cana está tão falada e comentada.

Leia também, O Álcool é nosso

Link: http://www.recantodasletras.com.br/artigos/957245