O SOPRO DA POESIA
Noite dessas, eu percurssionava o controle remoto pelos canais da televisão.
E lá pelas tantas dei de encontro com ele numa entrevista do Jô Soares.
Aliás, tenho uma breve opinião a emitir.
Não deve realmente ser fácil conduzir um programa diário de entrevistas e se conseguir pautas atraentes para o público, ao menos para um público que não se contenta apenas com a novela das oito, com a linguagem dos papagaios ou com a banalidade dum Big Brother Brasil.
E ultimamente percebo que o nobre espaço televisivo do tal programa tem deixado um pouco a desejar.
Mas, como ia dizendo, dessa vez meus olhos pararam na telinha e me emocionei ao vê-lo lá, em plena forma física, intelectual e artística, no auge dos seus oitenta e tres anos.
Faz trinta e dois anos que o vi e o ouvi pela primeira vez no teatro municipal aqui de Saõ Paulo, numa apresentação de chorinho, quando então eu tinha quinze anos, e aonde pude conhecer a sua flauta transversa, e também o seu extraordinário manejo do Pícolo, um pedaço de faluta, que soa uma oitava acima da transversa, de som agudíssimo.
Não o conhecia como ser humano.
Falo de ALTAMIRO CARRILHO, nossa genialidade do chorinho e da poesia da flauta...que no comando das suas mãos é mais do que mágica!
Trouxe um pouco, um pedacinho do seu acervo, e do seu caráter.
Em poucos segundos se podia notar um ser EXTREMAMENTE especial.
É como sinto...há certas vindas à Terra que são um tanto holísticas, sobrenaturais.
Um ser de esforço individual extremo, uma belíssima história de luta, de conquista, de talento, de inteligência,,de humildade...de sensibilidade...e de genialidade.
É impossível passar pela vida, ao menos sendo brasileiro, sem conhecer e reverenciar o som de Altamiro, independentemente das gerações!
Fica aqui a minha total reverência a esse ser espetacular.
Parabéns a produção de Jô Soares, por levar ao ar alguém que tanto enaltece a nossa cultura artística.
O título dessa minha homenagem é um trocadilho ao novo DVD DO ARTISTA, que se ainda não saiu...já deve estar chegando.