JUNHO EM Saint Louis - O SONHO DE Dali & Fellini.
Descobriram o Brasil. Descobriram a Bahia. Descobriram outros brasis, todavia, a exemplo de tantos outros brasis do Brazil o Brasil ainda não descobriu o Brasil do Maranhão.
São Luis [MA] - talvez seja o último front, o último reduto deveras intocado [só não sabemos por quanto tempo] posta à salvo das garras vorazes da globalização, tantum no seu modus de expressar e cultuar seus mitos, lendas e mistérios, quanto na imensurável fonte de riqueza que medra das suas raízes e d'alma centenária do seu povo. [Manoel Serrão]
E o mês de junho vem dando o ar da sua graça, e dai?
Decerto caro leitor tu deve está a te perguntar o que há de tão especial neste sexto mês do ano? Respondo-lhe! Contudo peço-lhe vênia para um pequeno exórdio que se faz mister a partir do dia 23 do referido mês.
Ora, ora, um belo dia levantei-me e desfraldando a bandeira do divino pus-me em pé quão os pés na estrada e rumei pelos brasis do meu Brasil varonil em busca de folguedos, folganças, manifestações populares, enfim, em busca da cultura de raiz de um povo multi-racial e miscigenado pelo cruzamento das raças.
Destarte, de antemão, tomo a liberdade para transcrever ipsis litteris um pequeno trecho em torno do qual gravita o tema ora sub examine aqui destacado por Linton - na obra "O Homem: uma introdução à Antropologia", ao afirma que: "A cultura de qualquer sociedade consiste na soma total e organização de idéias, reações emocionais condicionadas e padrões de comportamento habitual que seus membros adquiriram pela instrução ou pela imitação de que todos, em maior ou menor grau, participam".
Não obstante a sapiência da assertiva proporcionada pelo renomado professor na prática, é o que vivenciamos todos nós o ano inteiro, mormente, no seio do nosso macro e micro universo cultural que gravita ao redor.
Com efeito, posso afirmar então, longe, é claro, evidentemente de qualquer barrismo piegas ou do resvalo na esparrela das comparações, do sectárismo improfícuo, etc., digo-vos sem medo de errar que jamais encontrei por ai afora algo parecido com o que existe no Maranhão.
Não há Maracatú; não tem olelê Maculelê; não há Cavalhadas; não há Negrinho do Pastoreio; não há Ciranda, Congado e Reizado; não há Divino, Fandango e Mamulengo; Não há Quadrilha nem tampouco São João de Campina Grande [PB] e de Caruaru [PE], nem há dança daquilo e nem daquilo outro, etc.,
O período junino por estas plagas é de uma riqueza inenarrável, plural e rara de se encontrar em qualquer outro lugar do planêta.
A Ilha de São Luis transforma-se num verdadeiro caldeirão cultural. Um cenário perfeito e sob medida. Uma ladeira ali, uma ruela aqui, azulejos, casarios e belas vistas entre mirantes com um estilo arquitetônico de causar admiração a cidade desperta o teu encanto com a maior concentração de sobrados construídos entre os séculos XVIII e XIX existente no Brasil no estilo imperial, barroco, colonial - São Luis [MA] Patrimônio Mundial da Humanidade - , quão desperta pelo lual e pelo céu estrelado e límpido do mes de junho.
Um verdadeiro afresco de Dali. Uma peinture do surréalisme. É um sonho sonhado que sonharam pintando. Um cenário realesco de Fellini pois decerto se vivos fossem ficariam absolutamente encantados. O povo faz jus ao que se define como manifestação da cultura popular. O clima que gira em torno, em volta da cidade antiga é de puro romantismo e e ares bucólico. Nas casas, comunidades, vilas, ruas, becos, casarões, praças, largos, enfim, até nos lugares mais distantes todos bricam e participam agora então de forma lúdica.
É um torpor, um encantamento, um quebranto, é um êxtase coletivo.
Não existe nada igual ao folclore e a manifestação popular de raízes semi-intocáveis do Maranhão. Nada mesmo? Que me perdoem os irmãos baianos e a Bahia de São Salvador com seus ritmos, suas crenças, sua beleza e culinária, porém, aqui temos uma fonte inesgotável de ritmos, crenças, mistérios, lendas, magias, um povo alegre, inteligente e hospedeiro, e o que é melhor, uma culinária imbátivel já que não há nada que se compare ao arroz de cuxá; ao peixe-pedra; ao vatapá [o nosso é bem melhor]; ao bobó de camarão; ao carurú, aos mariscos, etc.,
Junho é um mês de alegria, riqueza, beleza e cores. É um tempo diferente, diversificado e autêntico sem igual no Brasil inteiro.
O Bumba-meu-boi. A mistura presente dos povos colonizadores e do índio preexistente os antigos e legítimos donos do nosso Brasil, isto é, no boi temos presente a síntese da cultura branca, negra e ameríndia, não só na dança [coreografia e forma de bailar], nas vestimentas, nos instrumentos, no enredo, nas toadas líricas e de uma poética incomum, enfim, em cada detalhe da riqueza sobrelevar destacar-se o império do povo. A diversidade dos bois de sotaque zabumba, orquestra e matraca. O ritual das fogueiras na afinação noite adentro dos pandeirões. A catuaba. A figura do rebolado faceiro, o deboche dos Cazumbás.
Religião é festa. Salve o Tambor de Mina. Manifestação dos negros jejê-nagôs. O Tambor de Crioula? Ah! Este é único em diversão, percurssão, marcação e contratempos. Instrumentos primitivos [tambores] confeccionados em troncos de árvores especialmente escolhidas a dedo e coberta com o côro da cobra, são segredos passados, são legados de pais para filhos. E a pungada? Dança ansiosa. lúbrica, fremente, martelada por um ritmo selvagem, é o grande frisson! Pois tambor que não tem cachaça... eu vou falando mal...
Para animar a festa é chegada a hora do Cacuriá, especialmente quando se trata do Cacuriá da Dona Teté e a sua voz de timbre único, como é lúdico de se vê. No mais, além das danças, das tribos, das quadrilhas e da enorme quantidade de shows, inclusive dos artistas da terra. Viva São Luis!
São Luis a "francesinha" do equinócio beijada pelas águas mornas do oceano atlântico. São Luis a Upa-on-açú terra dos Tupinambás. São Luis romântica a Atenas Brasileira dos intelectuais e poetas. São Luis a Jamaica Brasileira - capital do reeague e patrimônio do mundo espera por você.
Viva São Luis!!!!!
Vamos brincar!!!!!
SERRAOMANOEL - SLZ/MA - TRINIDAD -17.05.2008.
Descobriram o Brasil. Descobriram a Bahia. Descobriram outros brasis, todavia, a exemplo de tantos outros brasis do Brazil o Brasil ainda não descobriu o Brasil do Maranhão.
São Luis [MA] - talvez seja o último front, o último reduto deveras intocado [só não sabemos por quanto tempo] posta à salvo das garras vorazes da globalização, tantum no seu modus de expressar e cultuar seus mitos, lendas e mistérios, quanto na imensurável fonte de riqueza que medra das suas raízes e d'alma centenária do seu povo. [Manoel Serrão]
E o mês de junho vem dando o ar da sua graça, e dai?
Decerto caro leitor tu deve está a te perguntar o que há de tão especial neste sexto mês do ano? Respondo-lhe! Contudo peço-lhe vênia para um pequeno exórdio que se faz mister a partir do dia 23 do referido mês.
Ora, ora, um belo dia levantei-me e desfraldando a bandeira do divino pus-me em pé quão os pés na estrada e rumei pelos brasis do meu Brasil varonil em busca de folguedos, folganças, manifestações populares, enfim, em busca da cultura de raiz de um povo multi-racial e miscigenado pelo cruzamento das raças.
Destarte, de antemão, tomo a liberdade para transcrever ipsis litteris um pequeno trecho em torno do qual gravita o tema ora sub examine aqui destacado por Linton - na obra "O Homem: uma introdução à Antropologia", ao afirma que: "A cultura de qualquer sociedade consiste na soma total e organização de idéias, reações emocionais condicionadas e padrões de comportamento habitual que seus membros adquiriram pela instrução ou pela imitação de que todos, em maior ou menor grau, participam".
Não obstante a sapiência da assertiva proporcionada pelo renomado professor na prática, é o que vivenciamos todos nós o ano inteiro, mormente, no seio do nosso macro e micro universo cultural que gravita ao redor.
Com efeito, posso afirmar então, longe, é claro, evidentemente de qualquer barrismo piegas ou do resvalo na esparrela das comparações, do sectárismo improfícuo, etc., digo-vos sem medo de errar que jamais encontrei por ai afora algo parecido com o que existe no Maranhão.
Não há Maracatú; não tem olelê Maculelê; não há Cavalhadas; não há Negrinho do Pastoreio; não há Ciranda, Congado e Reizado; não há Divino, Fandango e Mamulengo; Não há Quadrilha nem tampouco São João de Campina Grande [PB] e de Caruaru [PE], nem há dança daquilo e nem daquilo outro, etc.,
O período junino por estas plagas é de uma riqueza inenarrável, plural e rara de se encontrar em qualquer outro lugar do planêta.
A Ilha de São Luis transforma-se num verdadeiro caldeirão cultural. Um cenário perfeito e sob medida. Uma ladeira ali, uma ruela aqui, azulejos, casarios e belas vistas entre mirantes com um estilo arquitetônico de causar admiração a cidade desperta o teu encanto com a maior concentração de sobrados construídos entre os séculos XVIII e XIX existente no Brasil no estilo imperial, barroco, colonial - São Luis [MA] Patrimônio Mundial da Humanidade - , quão desperta pelo lual e pelo céu estrelado e límpido do mes de junho.
Um verdadeiro afresco de Dali. Uma peinture do surréalisme. É um sonho sonhado que sonharam pintando. Um cenário realesco de Fellini pois decerto se vivos fossem ficariam absolutamente encantados. O povo faz jus ao que se define como manifestação da cultura popular. O clima que gira em torno, em volta da cidade antiga é de puro romantismo e e ares bucólico. Nas casas, comunidades, vilas, ruas, becos, casarões, praças, largos, enfim, até nos lugares mais distantes todos bricam e participam agora então de forma lúdica.
É um torpor, um encantamento, um quebranto, é um êxtase coletivo.
Não existe nada igual ao folclore e a manifestação popular de raízes semi-intocáveis do Maranhão. Nada mesmo? Que me perdoem os irmãos baianos e a Bahia de São Salvador com seus ritmos, suas crenças, sua beleza e culinária, porém, aqui temos uma fonte inesgotável de ritmos, crenças, mistérios, lendas, magias, um povo alegre, inteligente e hospedeiro, e o que é melhor, uma culinária imbátivel já que não há nada que se compare ao arroz de cuxá; ao peixe-pedra; ao vatapá [o nosso é bem melhor]; ao bobó de camarão; ao carurú, aos mariscos, etc.,
Junho é um mês de alegria, riqueza, beleza e cores. É um tempo diferente, diversificado e autêntico sem igual no Brasil inteiro.
O Bumba-meu-boi. A mistura presente dos povos colonizadores e do índio preexistente os antigos e legítimos donos do nosso Brasil, isto é, no boi temos presente a síntese da cultura branca, negra e ameríndia, não só na dança [coreografia e forma de bailar], nas vestimentas, nos instrumentos, no enredo, nas toadas líricas e de uma poética incomum, enfim, em cada detalhe da riqueza sobrelevar destacar-se o império do povo. A diversidade dos bois de sotaque zabumba, orquestra e matraca. O ritual das fogueiras na afinação noite adentro dos pandeirões. A catuaba. A figura do rebolado faceiro, o deboche dos Cazumbás.
Religião é festa. Salve o Tambor de Mina. Manifestação dos negros jejê-nagôs. O Tambor de Crioula? Ah! Este é único em diversão, percurssão, marcação e contratempos. Instrumentos primitivos [tambores] confeccionados em troncos de árvores especialmente escolhidas a dedo e coberta com o côro da cobra, são segredos passados, são legados de pais para filhos. E a pungada? Dança ansiosa. lúbrica, fremente, martelada por um ritmo selvagem, é o grande frisson! Pois tambor que não tem cachaça... eu vou falando mal...
Para animar a festa é chegada a hora do Cacuriá, especialmente quando se trata do Cacuriá da Dona Teté e a sua voz de timbre único, como é lúdico de se vê. No mais, além das danças, das tribos, das quadrilhas e da enorme quantidade de shows, inclusive dos artistas da terra. Viva São Luis!
São Luis a "francesinha" do equinócio beijada pelas águas mornas do oceano atlântico. São Luis a Upa-on-açú terra dos Tupinambás. São Luis romântica a Atenas Brasileira dos intelectuais e poetas. São Luis a Jamaica Brasileira - capital do reeague e patrimônio do mundo espera por você.
Viva São Luis!!!!!
Vamos brincar!!!!!
SERRAOMANOEL - SLZ/MA - TRINIDAD -17.05.2008.