Flores para Irena Sendler
Preparava-me para escrever sobre a vida de Irena Sendler, a valente polonesa de Varsóvia, quando recebi a notícia de seu retorno à Pátria Espiritual. Aos noventa e oito anos regressa à Vida Maior aquela que foi uma das grandes baluartes da vida à época da Segunda Guerra Mundial. Irena salvou da morte mais de 2.500 crianças condenadas pela insanidade de Adolf Hitler e seus lunáticos aliados. Uma prova de que a bondade divina se manifesta das mais diversas formas e nos mais variados locais. Quando perguntam onde estava Deus que permitiu tamanha atrocidade patrocinada pelos alemães, ao nos depararmos com a vida de Irena Sendler descobrimos onde estava Deus. O Criador se manifestava pujante no coração da valente polonesa.
Quando artífices da sabedoria ensinam que o mal impera porque falta ousadia aos bons, obrigatoriamente temos que lhes dar razão. O bem irá imperar na Terra quando os bons o quiserem. Pura questão de atitude. Irena Sendler comprova essa tese. Ousada, utilizava os mais diversos artifícios para impedir que as crianças judias caminhassem para a morte. Nos guetos criados pelos alemães as crianças aguardavam a hora do martírio, vivendo em condições sub humanas.
Irena espantou-se com aquilo, atitudes se faziam urgentes. Iniciou seu trabalho por retirar as crianças daqueles locais informando que estavam com doenças contagiosas. Os alemães não queriam contrair doenças. Depois, demonstrando uma criatividade impar, passou a retirar crianças do gueto de todas as maneiras que lhe eram possíveis. Um saco de batatas nas mãos de Irena transformava-se em abrigo para a vida. Sim, ela escondia as crianças nos sacos de batatas, caixas de ferramentas e até cesto de lixo. O complicado era encontrar famílias para acolher aquelas crianças refugiadas da guerra. Mas encontrou amigos dispostos a colaborar com seus intentos, e com a ajuda deles criou documentos falsos para dar aos pequeninos judeus, recém separados dos pais, uma outra identidade.
Os nazistas descobriram suas atividades. Resolveram averiguar. Irena foi barbaramente torturada, mas não se intimidou. Teve braços e pernas quebrados, mas não delatou onde se encontravam os pequeninos judeus. Padeceu horrores, teve o corpo surrado, mas a alma se fortalecia por obedecer aos princípios da consciência. O que são pancadas no corpo perto de sofrimentos que padece uma criatura comprometida com o mal. As dores do corpo se esvaem, contudo as dores da alma permanecem latejando na consciência acarretando transtornos dos mais complexos.
Os tiranos experimentam do fel de suas atitudes. Foi assim com Adolf Hitler, que engolfado em seus próprios desatinos apelou ao suicidio como forma de fuga. Ledo engano, porquanto certamente o desastrado líder germânico não se desfez da vida, ao contrário, encontrou-se com a consciência que lhe cobrava viva as atitudes absurdas cometidas contra o semelhante.
Ao contrário de Hitler, Irena vivia tranqüila num asilo em Varsóvia gozando a paz inefável que caracteriza aqueles que em sua passagem pelo mundo deixaram marcas de amor. Não faltavam flores e cartões de agradecimento, presentes emocionados daqueles a quem ela livrou da morte precoce. Em um mundo em que a cada 4 segundos uma criança morre de fome e outras tantas perdem a vida de forma dramática e violenta, urge propagar a história de vida de Irena Sendler, para que, contagiados pelos seus exemplos, comecemos a exercitar o amor, livrando os pequenos do mundo da ignorância através da educação e do amor, ferramentas capazes de modificar o destino das criaturas, foi assim que fez Irena, é assim que podemos fazer também.
Pensemos nisso.