O escândalo das fábricas de celulose
Desprotegido, o Brasil sofre o assédio, mais que isso até, o estupro das nações industrializadas, no que diz respeito à violação de nosso quadro ambiental. O Correio Braziliense, em edição recente citou nominalmente vários políticos gaúchos que receberam “ajutórios de campanha” em 2006, para votar a favor dos projetos das “fábricas de celulose”, onde os interesses daquelas multinacionais foram colocados acima do bem-estar da comunidade, da nossa biodiversidade e da necessidade de se plantar alimentos.
O repórter Edgar Lisboa (edgarlisboa@jornaldocomercio.com.br) do Correio Braziliense (06/05/2008, Internet) fez uma reportagem excelente a respeito do que ele chamou de “O preço da devastação”. Segundo a matéria, políticos gaúchos facilitaram a expansão indiscriminada das indústrias de celulose em troca de verbas destinadas às suas campanhas eleitorais em 2006, de acordo com uma série de reportagens do jornal.
Transcrevo abaixo a reportagem: “Com contribuições de campanha para 19 políticos e a promessa de investimentos de R$ 10,7 bilhões em cinco anos, três grandes empresas produtoras de celulose (Votorantim, Stora Enso e Aracruz) invadiram a Metade Sul do Estado com florestas de eucaliptos, escreve o jornalista gaúcho Lúcio Vaz.
As relações com o meio político foram azeitadas com doações no
valor de R$ 2 milhões nas eleições de 2006, sendo ... (e aí vai uma
extensa nominata de políticos de todos os partidos, com os
respectivos valores)”.
E prossegue:
“Pressionado pela mídia de fora, um deputado gaúcho afirmou
que ‘a faixa de fronteira não tem nada a ver com celulose. As
empresas podem arrendar a terra se quiserem. Eu defendo a faixa
de fronteira como objeto de desenvolvimento e progresso, pois
atualmente um quinto do Estado não pode receber investimentos.
Hoje, a questão não é mais ter quartel, garantir a segurança
nacional, queremos investimento nesta região, defende o político’ ”.
Nas mesmas águas, as indústrias papeleiras, empresas de produção de celulose rebatem as acusações afirmando que “não haverá prejuízos ao meio ambiente, como a ocorrência de secas e empobrecimento do solo, porque os projetos empregam tecnologias modernas, seguem o zoneamento ambiental do Estado e reservam grandes áreas para preservação da vegetação nativa”.
Todavia, o Correio Braziliense publicou no início de maio de 2008 uma notícia em que narra a seca provocada no Uruguai pelas florestas de eucalipto, e a instalação de uma fábrica de celulose às margens do rio Uruguai, que está provocando uma séria crise com a Argentina.
Por fim, estão tentando diminuir a “faixa de fronteira”, onde não é possível a instalação de empresas estrangeiras, de 150 para 50 km. O Ministério público Federal está de olho para impugnar esse tipo de legislação.
Desenvolvi este assunto numa matéria (O Escândalo das Fábricas
de Celulose) que desenvolvi em 46 páginas em
www.recantodasletras.com.br procurando em E-livros, em meu
nome no link “autores”.