Caso Isabela - Apenas um ícone das relações sociais e a violência
A sociedade globalizada e interconectada pela internet tem se caracterizado por uma evolução tecnológica impressionante. Do mesmo modo, os sistemas de comunicação alcançaram patamares jamais imaginados pela mente humana.
Porém, o progresso dos meios de comunicação, não implicou necessariamente numa melhoria nas relações sociais. Os seres, os quais deveriam evoluir na compreensão dos valores últimos da vida, demonstram comportamentos pré-históricos e nocivos à vivência humana.
No capítulo 4 de Gênesis, o texto construído aborda a problemática relação social entre os seres humanos. A dubiedade dos sentimentos e valores humanos interfere intrinsecamente nas perspectivas dos personagens centrais do texto: Caim e Abel.
A figura dos dois filhos de Adão e Eva fomenta uma reflexão acerca das motivações humanas que culminam em atrocidades contra a moral e o bem-estar do próximo.
No texto em destaque, Caim e Abel são oriundos de uma mesma origem, contudo representam classes sociais distintas. Abel era pastor de ovelhas, em contrapartida, seu irmão era agricultor.
A distinção citada aponta para os conflitos em torno das diferenças ideológicas elaboradas e fomentadas dentro das classes sociais.
Caim e Abel sãos os ícones de realidades sociais distintas, abalizando para o anseio da subjugação do próximo. Ainda que a convergência dos ideais religiosos e cúlticos se mostrem análogos no texto, a tradição escrita indica distúrbios na conduta de Caim, impossibilitando-o de prestar um culto agradável a Deus. Diferentemente de seu irmão, Abel teve a aceitação de Deus da sua oferta, gerando em Caim uma predisposição violenta para com seu irmão.
Caim não geriu suas tendências conflituosas, mesmo sendo alertado por Deus. Preferiu conceber uma prática de extremo desrespeito e atentar contra a vida de seu irmão.
O assassinato de Abel efetuado por Caim, demonstra não somente atos de crueldade contra a existência humana de seu irmão, mas indica a propensa maldade presente nas relações sociais, em determinados contextos.
Nas relações sociais, a intolerância perpassa o caminho que finda na violência. Nas suas manifestações exteriores a violência figura nos assaltos, brigas, seqüestros, estupros e homicídios. Entretanto, o desvio dos valores públicos para interesses pessoais, a alienação das classes oprimidas, a exploração dos grandes conglomerados capitalistas figuram como uma violência travestida de roupagens diferenciadas e discretas, porém, não menos nociva do que as citadas anteriormente, mas por vezes, sendo a causa inicial daquelas.
A figura de Caim não passa impune pelo texto, mas é “marcada” pelas circunstâncias.
As marcas da violência são visíveis não apenas nas manchas e poças do sangue derramado. As marcas da violência impregnam toda uma sociedade, com rancores e desejos de uma justiça humana, punitiva e severa, gerando uma cíclica violência.
A violência afeta toda uma perspectiva de vida, seja do agressor, do agredido ou pessoas próximas a um deles. A violência radicaliza valores e desfaz a imagem e semelhança do ser divino na humanidade.
Que o grito dos oprimidos e violentados faça eco nos ouvidos da humanidade, incomodando de tal maneira que haja a fomentação de uma sociedade comunicativa, compreensiva, pacifista e acima de tudo coerente com o plano divino para o homem.
Jeremias Gonçalves, bacharelando em Teologia, pela Faculdade Teológica Batista Ana Wollerman, Dourados, MS
blog: http://espacovertical.blogspot.com/