Território do Acre. A incorporação ao Brasil.
Reportando-me aos dias atuais, quando as autoridades civis e militares de nosso país se preocupam com as possíveis investidas estrangeiras contra o nosso patrimônio, colocando em risco a soberania nacional, apresento aos leitores o caso, totalmente antagônico, que envolveu a incorporação ao Brasil do território do Acre, até então pertencente à Bolívia;
A partir de 1877, centenas de seringueiros brasileiros (na maior parte nordestinos fugitivos do flagelo das secas) começavam a penetrar na região selvagem do Acre, que não nos pertencia ainda. Dedicavam-se à exploração da borracha, produto de enorme importância para o desenvolvimento industrial da Europa e dos Estados Unidos.
Os bolivianos reagiram, proporcionando um grave problema diplomático; de um lado, o governo brasileiro não podia permitir que o exército Boliviano atacasse cidadãos brasileiros; por outro lado, a Bolívia não deixava de ter razão, pois seu território fora invadido por estrangeiros. Mas, antecedendo às providências do Presidente Campos Sales, os seringueiros, chefiados pelo gaúcho Plácido de Castro, derrotaram os bolivianos. Logo a seguir, proclamaram a independência do Acre (agosto de 1901).
A questão foi solucionada na administração do Presidente Rodrigues Alves, através do Tratado de Petrópolis, assinado em 1903 pelo ministro do Exterior brasileiro, José Maria da Silva Paranhos Júnior (barão do Rio Branco), e por seu colega boliviano, Cláudio Pinilla. Esse acordo estabeleceu a incorporação do Acre ao Brasil, mediante o pagamento de uma indenização, bem como a cessão de uma pequena área em Mato Grosso à Bolívia. Além disso, o governo brasileiro se comprometeu a construir a Estrada de Ferro Madeira – Mamoré (atualmente extinta), para que os produtos bolivianos pudessem escoar-se para o exterior utilizando o curso do Rio Amazonas.
Com a incorporação do Acre, o Brasil finalmente completou sua formação territorial, estabelecendo fronteiras com os demais países da América do Sul.
Fonte: História do Brasil. Edições Michalany, de 1976.