REENCARNAÇÃO
Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre, esta é a Lei. Esta
inscrição encontra-se no túmulo do codificador da Doutrina Espírita, Allan Kardec, no cemitério do "Pere-Lachaise", em Paris.
A reencarnação é a volta da alma à vida corpórea, em outro corpo
especialmente formado para ela, com o objetivo de expiação, melhorando o progresso da humanidade.
A crença na reencarnação é muito antiga. “Os hinos dos Vedas, escritos há 60.000 anos, falam na lei da reencarnação e afirmam que é preciso reencarnar e fazer o bem para “novos laços com outros corpos em outros mundos”.
Nas tradições egípcias datadas de 3.000 anos AC dizia-se "que antes de nascer a criança já tinha vivido e que a morte não era o fim." Muitos filósofos antigos, como Sócrates e Platão, acreditavam nas vidas sucessivas.
Padres da Igreja Católica, como Orígenes e São Clemente de Alexandria, acreditavam e eram a favor de vidas sucessivas, para que o homem pudesse ter compreensão da Justiça de Deus, embora muitos enganos tenham sido cometidos.
Muitas mortes aconteceram e eu enfatizo a de Sócrates, que foi ridicularizado e levado a tomar um veneno chamado cicuta.
A pluralidade das existências no corpo físico não se constitui apenas numa afirmação evangélica, mas uma verdade científica e filosófica, explicada pela Lei do Progresso, claramente estampada nas diferenças sociais, nas doenças congênitas, além de muitos acontecimentos atribuídos a fatalidades.
A reencarnação é necessária para que o espírito evolua, tendo por mestres a dor e as múltiplas experiências que, com certeza, o qualificará para o exercício do amor ao seu próximo. Por isso, este é um mundo de provações, próprio para o resgate de erros do passado.
Além da universalidade de espíritos que se comunicam por toda a terra por ordem de Deus, o homem, à procura de solução para seus males, aprendeu que pela hipnose pode regredir a vidas passadas. Por meio dessas terapias solucionam perturbações oriundas de acontecimentos traumáticos de reencarnações anteriores, passando a lidar melhor com esses fatos.
Por que crianças (que segundo algumas Doutrinas, não possuem pecados) nascem aleijadas, cegas, surdas, mudas, com câncer...? Propósito de Deus? Deus possui propósitos bons para alguns, e ruins para outros? Na verdade, nada nos vem que não tenhamos merecido agora ou logrado com anterioridade, como disse Paramahansa
Yogananda.
A semeadura é livre mas a colheita é obrigatória! Só colhemos o que
plantamos. É a justeza de Deus. Pensar diferente é desprezar a Justiça Divina, na sua função de dar a cada um segundo as suas obras, como ensinou o Cristo. Se Jesus pode simplesmente apagar todos os nossos erros passados, qual seria então o sentido das nossas ações na Terra?
O Mestre sempre dizia: os que têm olhos para ver, vejam; os que têm
ouvidos para ouvir, ouçam. Não falou claramente da reencarnação nem da vida após a morte, mas o fez nas entrelinhas.
Os judeus acreditavam na reencarnação. Muitas vezes perguntavam ao
Mestre se Ele era um dos antigos profetas que havia voltado. O próprio Jesus perguntou a seus apóstolos o que as pessoas falavam sobre Ele. Quem achavam que era Ele. “Umas dizem que é o Senhor é Elias; outras que é Jeremias ou alguns dos profetas”. Ora, Elias e Jeremias vieram muitos anos antes de Cristo. Mais uma vez Jesus não chamou a atenção dos apóstolos pela resposta. Por quê?
Em Mateus, 11.4, Jesus afirma que “João é o Elias que estava por vir”.
Naquele tempo havia uma profecia de que Elias voltaria ao mundo. Jesus jamais afirmaria isso se não tivesse amplo conhecimento. Há, ainda, muitas outras passagens ocultas na Bíblia que confirmam a existência da reencarnação.
Temos certeza da misericórdia de Deus. Por que então Ele iria permitir que que criaturas más gozassem de grande prosperidade enquanto que outras, honestas e bondosas, vivessem com muitas dificuldades? Deus sendo justo, por que deixaria que milhares de seus filhos padecessem frio, fome, humilhações? Por que uns nascem inteligentes demais e outros com o mínimo de compreensão? Deus não castiga ninguém.
Somos responsáveis por tudo que nos acontece na vida. Nossas atitudes criam ou criaram o nosso destino. Não existe injustiça. Se fomos atingidos por essa ou aquela tragédia, foi porque precisávamos aprender alguma lição. Se sofremos a culpa é toda nossa. É a lei do retorno.
O Espiritismo é uma lei universal e sem ela a existência terrena aos nossos olhos representaria desordem e injustiça. Dela promana a explicação de todas as aparentes anomalias da vida humana, de todas as desigualdades intelectuais, morais e sociais, facultando ao homem saber donde vem, para onde vai, para que fim se acha na Terra e por que aqui sofre, pois a fé cega nos anula o raciocínio.
A maior contestação apresentada quanto à reencarnação é o fato de não nos lembrarmos de quem fomos em vidas anteriores, o que significa que estaríamos sendo punidos, sem que nos dessem a conhecer as razões do procedimento de Deus.
A lembrança de vidas passadas traria gravíssimos inconvenientes. Poderia, em certos casos, humilhar-nos, ou exaltar-nos o orgulho e, assim, entravar o nosso livre-arbítrio, acarretando perturbações nas relações com os nossos semelhantes. O Planeta é ainda de provas e expiações. Aqui estamos como se fôssemos portas na esperança da reconciliação. "Nos filhos que hoje acalentamos no colo, comovidos pela ternura de sua vestimenta infantil, podem estar espíritos de difícil convivência em encarnações anteriores". E aí está o mérito do reencontro e do perdão.
Deus nos deu, para nosso adiantamento aqui, justamente o que nos é
necessário: a voz da consciência e as nossas tendências instintivas, e nos tirou o que poderia nos prejudicar, lançando um véu de esquecimento sobre as nossas existências passadas, embora, ao nascer, o homem traga o que nelas acumulou.
A evolução do espírito está no constante desabrochar de faculdades novas, erros, correções, reciclagens e aprimoramento.
Ninguém poderá ver o reino de Deus se não nascer de novo. O que significa nascer em espírito, que se aperfeiçoa a cada reencarnação, com mais ou menos vagar, de acordo com o seu livre arbítrio, pois seria impossível o homem tornar-se perfeito apenas com uma estada na Terra de 80 anos, média de vida no Planeta.
Por isso Deus lhe concede realizar, em novas existências, o que não pode fazer ou concluir na existência anterior. Na verdade, SERVIR é a palavra de comando da Doutrina, pois oração sem ação tem pouca eficácia. Fora da Caridade não há salvação. Não só a caridade material, mas a tolerância, a benevolência mútua, a aceitação...
A existência humana é uma chance para evoluirmos por meio de nossas
experiências na Terra, diante das situações da vida em que fomos reencarnados.
Muitos espíritos evoluídos, com experiências acumuladas de reencarnações anteriores, vivem novamente no nosso tempo, ajudando na marcha do progresso. Isso se justifica pelas nobres idéias natas que trazem.
As simpatias ou antipatias estampadas aleatoriamente, significam a
qualidade das relações anteriores que se religam agora, unindo a grande família de todos os tempos, semeando a fraternidade universal, uma vez que a caridade é o estandarte maior dessa Doutrina consoladora.
Se o homem aceitasse e compreendesse melhor a lei da reencarnação, não teríamos hoje tanta violência, tanta corrupção, tanta avareza: ricos enganando pobres, líderes religiosos enganando os mais humildes com promessas impossíveis, a troco de dinheiro, como se houvesse transporte de malotes de grana na rota Terra/Céu.