Leis Humanas e Justiça Divina
É muito comum, principalmente em momentos de fortes emoções causadas por crimes bárbaros, a sociedade mobilizar-se em busca de justiça, tentando até mesmo fazê-la com suas próprias mãos.
Mas, se é verdade que a justiça faz parte de um mundo civilizado, é verdade também que justiça tem um significado muito diferente de vingança.
Um grande pensador do século XIX, Karl Marx, disse a este respeito que as leis humanas são injustas, pois tratas os diferentes de maneira igual.
Este pensamento muito a frente do seu tempo, embora a primeira vista pareça contraditório, nos faz refletir como as nossas leis ainda estão longe de se conformarem com as leis divinas. Pois, pelo menos na teoria, a lei é igual para todos e todos são iguais perante as leis. Ou seja, vai preso quem roubou para comprar um pão para alimentar seus filhos, ou quem roubou de maneira inescrupulosa, como um político. Vai preso aquele que comete um crime, independente de sua posição social, raça, cor.
Na prática é ainda mais complicado, pois os políticos têm privilégios, julgamento especial. Uma pessoa com curso superior, que na verdade tem mais capacidade de discernimento, tem direito a uma cela especial quando comete um crime.
Já as Leis Divinas são as únicas capazes de fazer justiça no sentido literal da palavra. Pois somente elas são capazes de avaliar todos os detalhes de um equívoco humano. Já que se opera através da própria consciência do ser, como nos elucida a questão número 621 de O Livro dos Espíritos.
E para Deus o grau de responsabilidade de nossos atos está na mesma proporção da capacidade que temos de avaliar o que é certo e o que é errado. Quanto mais conhecimento, mais responsabilidade.
Além do que Deus julga principalmente pela intenção, como nos afirma a questão número 636 de O Livro dos Espíritos.
E por tudo isto o mestre Jesus disse: “não julgueis, para que não sejais também julgados”. O que não quer dizer, de forma nenhuma, que o Espiritismo é contra as leis sociais, que são necessárias, ainda que imperfeitas. Pois tem o objetivo de regular a vida em sociedade. São, portanto, Contratos Sociais. E conforme a sociedade evolui, evoluem também suas leis. Pois só as leis divinas são imutáveis, como o próprio Deus.
Mas estas só conseguem regular o exterior, enquanto que há uma infinidade de atos que competem exclusivamente ao tribunal da Consciência.
O Espiritismo nos esclarece ainda que somos espíritos multimilenares, que já reencarnamos muitas e muitas vezes. Que fomos criados simples e ignorantes (questão n.º 115 de O Livro dos Espíritos) e, portanto, sujeitos a acertar ou errar. E por isto mesmo é provável que tenhamos errado muito até chegar aqui. Mais uma razão para perdoarmos, como nós mesmos gostaríamos que nos perdoassem.
Uma sociedade realmente evoluída faz sua justiça baseada nas leis divinas. Que consiste no respeito aos direitos dos semelhantes, como nos mesmos gostaríamos que respeitassem os nossos. Mas sem hipocrisia, acima de tudo buscando ter em mente que um criminoso é antes de tudo um homem. Um homem que poderia ser um de nós.