Confirmo por e-mail ou arranco um fio do bigode?
A expressão “fio do bigode” surgiu há muito tempo e consistia em garantir a palavra com um fio da própria barba, retirada do bigode. A palavra bigode é de origem incerta, mas pode ter vindo de uma antiga expressão alemã pronunciada em juramentos: “bi gott”, ou seja: “por Deus”.
Por décadas representou o fechamento de negócios sem nenhum documento assinado, somente pela palavra do homem. O aperto de mãos também pode ter o mesmo sentido do “fio do bigode”, depois disso, veio a assinatura, contrato, firma reconhecida, registro em cartório e, atualmente, para se somar a tudo de forma trivial e cotidiana, surge a expressão: “me confirma por e-mail!”.
Além do e-mail, aparelhos de telefone gravam horas de conversas, nos atendimentos em call center os diálogos são retidos, câmeras em estabelecimentos registram os fatos que acontecem. Trata-se da era que coloca as novas tecnologias a serviço da ética, ou seria o fim da integridade ética de conduta?
Difícil responder. No entanto, o lado bom da história é que as novas tecnologias de controle da ética acabam por ser armadilhas para os trapaceiros (pelo menos até o momento em que eles não burlam estes sistemas). O lado ruim é que cada vez mais a humanidade se aprisiona nas teias do próprio sistema de controle, com isso, corre-se o risco dos mecanismos de controle se transformar na essência do processo. Metaforicamente falando, é como se o mapa se tornasse mais importante do que o próprio território, ou então, como se a partitura fosse mais importante do que a própria execução da música.