REINO DE FOGO

AINDA SOBRE O REINO DE FOGO

(Notícias das Fronteiras que vive meu Pensamento e a Boa Vontade que Ilumina minha Obra)

Tenho perseguido algumas metas ao longo da vida. Estas, não nasceram e foram perseguidas de forma uniforme, não foi um insight que me trouxe a vontade e o empenho. Foram vivências e experiências, que desdobraram-se em deleites e frustrações. Dalí, nasceu o projeto do Sylvio escritor, compositor e poeta. Tem sido uma bonita luta interna a que produz meu intelecto, entre a poesia, o romance e intenções acadêmicas, contra o tempo, a adversidade, a falta de inspiração e vontade.

Em " Ciência e Política - Duas vocações" , Max Weber afirma (pág. 33) que, "(...). A inspiração não substitui o trabalho, mas este, por seu turno, não pode substituir nem forçar o nascimento da intuição, o que o entusiasmo também não pode fazer. No entanto, o trabalho e o entusiasmo fazem com que brote a intuição, principalmente quando ambos atuam com simultaneidade. Conquanto isso, a intuição não se manifesta quando nós queremos, mas sim quando ela quer. Por certo que as melhores idéias nos ocorrem, consoante observação de Ihering, quando nos encontramos sentados em uma poltrona e fumando um charuto ou, ainda, segundo o que Helmholtz observa a respeito de si mesmo, com exatidão quase científica, quando passeamos por uma estrada que apresente ligeiro aclive ou quando ocorrem circunstâncias semelhantes. (...)"

Agora pouco, terminei de novamente assistir ao filme " Achando Forrester" , com Sean Cornnery, que recomendo a todos da Lista (meus contatos favoritos). Tanto quanto naquele filme vivo a procurar a excelência do texto escrito. Sei que é preciso para tal, uma qualidade que ainda não possuo. É uma meta. Ter a Lingua Portuguesa à meu serviço, ao meu inteiro dispor. Assim a inspiração tornar-se-á mais digerível ao entornar-se no papel em letras e palavras.

Meu trabalho, sempre foi inspirado. Eu o classifico como um trabalho de fronteiras. Talvez por também já ter percebido isso, o amigo Renato Aranha, tenha me sugerido por pedido, o codinome ou pseudônimo de " Duílio Egon" , traduzindo esta mistura de latim e grego, O Pastor Rebelde. É um deserto meu texto, e nele pode o outro encontrar-se ou perder-se, tanto quanto aqueles que buscam nas religiões e seitas a grandeza do espírito ou o caminho do Eu.

Renato, ainda apresenta-me como aquele entre a sanidade e a insanidade. Não sei bem se é uma definição bonita, bondosa ou uma troça. Mas, eu gosto. Talvez seja verdade.

Todos os dias, sinais me chegam. Sinais que comprovam o " Reino de Fogo" que enfrentamos (é assim que estamos antes de estarmos a viver). A grande fronteira da vida, do dia a dia, do pensamento, da oferta, da dívida e da dádiva. Em 1 de Ago de 2004, o Jornal do Brasil, no Caderno B, trata do recente e polêmico documentário de Eyal Sivan e Michel Khleifi, um israelense e um palestino, que em Route 181, buscam uma origem comum entre os conflitos de suas nações natais - As fronteiras originais entre Israel e territótios árabes. Neste documentário que por conta de sua duração é exibido em três sessões diferentes, os cineastas percorreram as linhas traçadas pela resolução 181 da ONU. Um filme polêmico que suscita mesmo nos próprios cineastas a real idéia divergente e plural do que sigifica fronteira, tanbém encontra a boa vontade de traduzir-se em alento, esperança e encontro, " Numa época em que o único futuro para israelenses e palestinos parece ser o de se matarem, pensamos que era preciso mostrar que se pode construir algo juntos", diz Eyal Sivan.

A crueldade do Reino de Fogo e do real, estão presentes de forma viva, surpreendente e comum, neste documentário que não apresenta um texto externo à fala dos entrevistados. " (...) Um israelense diz: - " Isaac Rabin dizia que se houvesse um maremoto que varresse a Faixa de Gaza, parte do problema palestino estaria resolvido" . Outro: - " Se nós tivéssemos feito com os palestinos o que os americanos fizeram com os índios, hoje não teríamos mais problemas. Eles não estariam aí para nos incomodar" . Outro: - " Um árabe bom é um árabe morto" .

Nas palavras de Leneide Duarte-Plon, a jornalista que assina a matéria, " O objetivo do documentário é obter uma visão comum de palestinos e israelenses sobre a tragédia que vivem hoje. E mosdtrar que o presente é fruto do passado comum, duas tragédias coletivas: o Holocausto dos judeus na Europa e a " Nakba" , a catástrofe palestina de 1948, quando milhares de palestinos foram varridos para fora de suas terras por comandos sionistas como o da " operação vassoura" .

O Holocausto e a Nakba, duas tragédias, fronteiras, universos desérticos como o que é a realidade. Estão presentes em minha obra poética, no sentido amplo com que podemos tratar e definir o universo das fronteiras de realidade, ou o universo desértico que são as paixões, como fronteiras físicas e como fronteiras entre o amor e o ódio. O ser e o não ser. O contraponto entre tais inspirações, ou seja, a minha e a que trata o documentário, é a afirmação mostrada em caixa alta e no centro da página: " Esses dois povos enlouqueceram" . Seria a tal fronteira que suscitou Renato, sobre a minha pessoa, quando acusa ou elogia, minha obra e pessoa, citando-me como Pastor Rebede ou a fronteira entre a sanidade e a insanidade?

O grande divisor de águas de nossa retórica aquí, apresentada, é a de que existe em mim, e de forma comprovada, escrita em minha obra, A BOA VONTADE. Aquela que cita, em muito bom artigo o teólogo Leonardo Boff, no caderno Outras Opiniões, do mesmo Jornal do Brasil, este de 30 de Jul de 2004, quando lembra e ressuscita numa transubstanciação de letras, palavras, papel jornal e inspiração, atravessando também ele, um deserto imenso, bem como a trágica fronteira que se põe entre nosso século de trevas e luzes de fogueiras humanas e de pneus queimados e aquele grave momento que foi o século dezoito, como promotor do pensamento ético e do início da luta pela liberdade na nossa América. Cita nosso Teólogo, Immanuel Kant em sua " Fundamentação para uma Metafísica dos Costumes (1785): " Não é possível pensar algo que, em qualquer lugar no mundo e mesmo fora dele, possa ser tido irrestritamente como bom senão a boa vontade" .

Sylvio Neto

Sylvio Neto
Enviado por Sylvio Neto em 04/04/2005
Código do texto: T9709