A POLÍTICA DO OSTRACISMO
Ostracismo: “Afastamento (imposto ou voluntário).
Exclusão, proscrição, banimento; exílio. Repúdio, repulsa.
(Dicionário Aurélio – Século XXI”.
O que mais me impressiona no Brasil e nos dias atuais é o fato de que o verdadeiro conceito de democracia seja invocado por alguns, insanamente. Isso me leva à triste conclusão: “...inúmeros homens públicos se esquivam sorrateiramente do senso de justiça, e demagogicamente se colocam a serviço de uma minoria inescrupulosa, ideologicamente exclusivista e aristocrática”. A consciência moral é diariamente ultrajada, os valores pontuais são relegados a um segundo plano e, com isso, as castas sociais tidas como baixas sofrem constantemente a ingerência política e a ambição desmedida de alguns gestores. Falta pão e moradia, falta saúde e educação, falta emprego e oportunidade, bem como, dignidade e amor próprio.
Mas, se promessas feitas em campanha não são cumpridas, demonstra-se a ingerência política e administrativa. O eleitor, este mesmo, passa a ser basicamente um instrumento de “barganha”, resultado da política de excessos e da ausência de compromisso. A plebe antes ovacionada é fatalmente descartada, até porque, só conhece o eleitor quando se deflagra a campanha na luta pelo voto.
Nesse momento, quando, enfim, se vê o resultado, comumente os mais afoitos são deportados, (ou pelo menos tentam fazê-lo), uma vez que democraticamente esses mesmos apóiam outra milícia e candidatos contrários. Mormente, são fustigados por uma minoria que finge fidelidade, lealdade e sinceridade. Súditos de um rei ou amigos do trono? A tirania se revela pelo cumprimento tímido de uns falsos amigos, no simples aperto de mão ou de um aceno angustiado do outro lado da rua. Tudo pela política e pelo status que essa mesma política oferta.
Nesse conjunto de situações, a figura humana torna-se frágil, intencionalmente colocada à mercê do tempo e do espaço, à margem do que chamamos sociedade. A infelicidade se dá em virtude da auto-suficiência de uns poucos, e nessa condição, o ano em curso, por ser um período de eleições municipais, será potencialmente determinado pela visão altruísta e nefasta, de candidatos sorrateiros e acostumados a percorrerem as cidades, com a conhecida indagação seguida de um riso irônico nos lábios. ___Meu eleitor, o que posso fazer por você? ___Como posso te ajudar? Nesse momento, o mais pobre vivente se defrontará com aquele “político profissional”, (renego veementemente esse termo), querendo corrompê-lo, ultrajá-lo na sua mais absoluta intimidade patriótica.
Todavia, importante se faz admitir: os terrenos se diferem, homens não são máquinas e a casa nem sempre é de “Maria Joana”, e que ao contrário daqueles que tentam em vão, apregoar que somos um grupo de ignorantes, incautos, arrogantes e deveras prisioneiros de um sistema dominante, só tenho uma coisa a dizer: “O povo não é besta não sô!”