"É ASSIM, E PRONTO!"

Dizia-me meu velho pai quando vivo, existirem duas maneiras de aprender: Pelo amor ou pela dor. Hoje, complementando a sua sábia observação filosófica depois de muita dor, digo, serem três as formas de aprendizagem: Convite, conselho ou obrigação, as quais assim funcionam: O convite é mais raro, não é direcionado a todos e só alguns o aceitam. Conselho, eu desconheço alguém que ande ouvindo, muito menos pedindo, por aí, mas é muito valorizado depois de o problema ocorrido e quase sempre acompanhado de um lamento arrependido e da velha e clássica interrogação: ”E agora, o que é que eu faço?”. Entretanto, a mais aceita ultimamente pelos mais alvoroçados, é a tal da obrigação, dessa ninguém anda reclamando, “É assim, e pronto!”.

Com a mídia funciona assim, ela não nos convida nem nos dá conselhos, apenas ordena: “É assim e pronto”, uma enxurrada de “informações” cujo conteúdo as pessoas atualmente têm “scaneado”, é a informática colaborando com o futurismo de uma nova aprendizagem baseada apenas na teoria da “leitura ótica” das “informações” ou seja, basta passar os olhos por cima e pronto, já sabemos tudo. Nos tornamos com isso, verdadeiros depósitos de comunicados, catálogos humanos de convenientes “atualidades” graças a veiculação cada vez maior das informações, e tempo insuficiente para o devido entendimento.

Análise, reflexão e discussão nascem do exercício da comunicação, é isso que nos possibilita desenvolver o senso crítico. À mídia, não cabe só informar, mas abrir também, canais de debates para as diversas camadas sociais, e acreditem ou não, elas merecem consideração sim. É necessário saber a forma como as notícias estão sendo repassadas, aconteceram assim de fato? Por que tantas notícias sobre determinados fatos, enquanto outros, nem se ouve falar? Fernandinho Beira-mar? (tinha esquecido, né?) Um certo jogador de futebol? O cantor que fez lipoaspiração, um casal fazendo amor na praia,(que atirem a primeira pedra, ou areia.Pelo que vejo e que sei de geografia, só em Minas ainda não se faz isso)a modelo vitimada pela anorexia, quando se sabe que a própria mídia critica os artistas e jogadores por estarem fora do peso. Então será que é sobre essas coisas que nós precisamos estar “informados” com tantas injustiças sociais grassando ao redor. A imparcialidade deixa a desejar no mundo midiático, o que não vende é fato (informação), o que vende é notícia (fofoca). Então transformemos fatos em notícias vendáveis.

Considerando que toda informação é ótima, o que parece ser tão bom, vem de forma desordenada, um verdadeiro quebra-cabeça, cujos fragmentos desencontrados, impossibilitam e embaralham o verdadeiro entendimento. Hoje parece que a informação tem por objetivo, embaçar a nossa visão sobre as coisas, para que não fiquem muito claras, o certo mesmo é que um dia servirão (prá eles, claro!). Também não interessa mais a ninguém uma informação, sem utilização prática, o mundo moderno, não aceita mais -aprender pelo saber-. E aí! Quem poderá responder? Não teria a mídia, uma certa responsabilidade pela (in) formação, até que parcial, de uma sociedade bem melhor?