O ANO QUE O BRASIL CHOROU E SORRIU
Em 1994, na Copa dos Estados Unidos, então governado por Bill Clinton, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), dirigida pela dupla Parreira e Zagallo, venceu a Copa do Mundo pela quarta vez, sendo a primeira a alcançar tantos títulos. O jogo da final deu-se contra a Itália, de Roberto Baggio e, apesar de Romário ser o ídolo da equipe, a vitória deveu-se principalmente ao goleiro Taffarel, que fez defesas esplêndidas e decisivas. Destacaram-se muito o jogador Branco e o capitão Dunga.
A partida foi sofrida, indo para prorrogação e pênaltis, quando mais a torcida brasileira sofreu. Nessa copa estreou em copas aquele que viria a ser conhecido como "fenômeno", Ronaldo Nazário (Ronaldinho), então com 17 anos, mas passou a maior parte do tempo no banco de reservas, jogando muito pouco no final, mas mostrando muito talento.
O povo brasileiro convalescia das dores de uma de suas maiores perdas, o inesquecível Ayrton Senna, piloto tricampeão do mundo de Fórmula 1, que morrera haviam poucos dias, em 1º de maio, num sórdido acidente na curva Tamburello, em Ímola, na Itália, num final de semana de acidentes terríveis já nos treinos, sendo dois deles fatais. Uma peça quebrada da suspensão da Williams que pilotava rompeu o capacete de Senna, ferindo-lhe o crânio gravemente. Ele morreu poucos minutos depois, embora tenha sido levado para o hospital.
O piloto Roland Ratzenberger tinha morrido no treino da sexta feira e Rubens Barichello voara para a morte no sábado, mas saiu ileso, apesar de o carro ter ficado completamente destruído. Como líder dos pilotos e com o apoio de todos, ainda no Sábado Senna deu início a uma campanha para transferir a corrida, pois previa que outros pilotos poderiam ainda morrer, mas suas reivindicações não foram atendidas. Então no domingo foi ele quem morreu.
Nesse mesmo tempo Itamar Franco era o presidente do Brasil em substituição a Fernando Collor de Mello, de quem fora vice, eleito em 1990 (sendo o primeiro eleito pelo voto popular após 40 anos), mas que tinha sofrido impeachment havia pouco. Vale lembrar que um dos grandes bordões de Collor na campanha presidencial era o título “caçador de marajás”, que ele tinha granjeado caçando políticos muito bem remunerados no Estado das Alagoas enquanto lá foi governador.
Em 1º de julho o então Ministro da Economia, Fernando Henrique Cardoso, lançara o Plano Real, quando R$ 1,00 (um Real, que valia um Dólar) valia o equivalente a CR$ 2.750,00 (cruzeiros Reais). A moeda Real levou ainda algum tempo para circular, por isto convertia-se os salários e compras para o Real a fim de saber quanto pagar na moeda antiga. As prestações prefixadas eram convertidas para Real ainda muito tempo depois, sendo que no final não se pagava quase nada delas. Desde então não mais se viu no Brasil inflação como as de mais de 35% ao mês, como era antes. Desde então não se enfrenta fila no posto de gasolina uma vez por mês para abastecer com o preço antigo por causa do aumento no dia seguinte, anunciado sempre no telejornal da véspera. Aliás, inflação é um monstro que não se vê há muito tempo neste país.
Dentre os artigos que mais subiram desde a implantação do Plano Real está a gasolina, que no início do Plano era R$ 0,50. A cerveja foi tabelada inicialmente em R$ 1,00. Isto subiu pouco, mas produtos como a carne subiram ainda mais que a gasolina.
Ainda no ano de 1994 Fernando Henrique Cardoso seria eleito presidente da Nação como voto popular e passaria oito anos governando o Brasil.
Wilson do Amaral