Igreja e Sociedade: a Prioridade de Deus para o nosso tempo
Jó 28.12-28
Vamos ler?
v.c “ E disse ao homem: Eis que o temor do Senhor é a sabedoria, e o apartar-se do mal é o
entendimento”.
Vamos destacar alguns versículos?
• V.12 - Mas onde se achará a sabedoria? E onde está o lugar do entendimento?
• V.13 - O homem não conhece o valor dela, nem se acha ela na terra dos viventes.
• V.20 – Donde, pois, vem a sabedoria, e onde está o lugar do entendimento?
• V.21 – Está encoberta aos olhos de todo vivente e oculta às aves do céu.
• V.23 - Deus lhe entende o caminho, e ele é quem sabe o seu lugar.
• V.28 – E disse ao homem: Eis que o temor do Senhor é a sabedoria, e o apartar-se do mal é o entendimento.
É interessante.
Quando procuramos o significado de sabedoria, no Aurélio, deparamo-nos com:
1. Grande conhecimento
2. Qualidade de sábio
3. Prudência, moderação, temperança, sensatez, reflexão.
4. Conhecimento justo das coisas.
5. Ciência
Até mesmo nas significações humanas vemos a Revelação manifestada.
A pergunta de Jó deixa bem claro: Onde se achará a sabedoria?
Há um questionamento sincero da parte de alguém que deseja esclarecer a natureza fugidia da verdadeira sabedoria.
É o verso 28 que nos traz a certeza.
Podemos aprender a sabedoria se nos dispusermos:
1. a reconhecer a soberania de Deus em nossas vidas.
2. a aprender de sua vontade.
3. a obedecer a seus mandamentos.
À luz das Escrituras, a sabedoria consiste em fazer do temor do Senhor (cultuá-lo com reverência e servi-lo) o objetivo de nossa vida.
O nosso tema diz: Igreja e Sociedade: a prioridade de Deus para o nosso tempo.
Ao refletir sobre isto, lembrei-me das primeiras aulas de catecismo, ainda criança.
Uma das perguntas que devíamos responder era: para que Deus criou o homem?
E a resposta vinha na ponta da língua: Para glorificar a Deus e para gozá-lo para sempre.
Os tempos passaram, mudamos de século, novos conceitos, novos comportamentos têm sido aceitos, muitas mudanças ocorreram.
Hoje, se você quiser ensinar o catecismo numa sala de aula, você é convidado a sair da liderança, em algumas igrejas.
Mas a questão existencial continua e, queiram ou não admitir os filósofos, a resposta continua a mesma: Deus criou o homem para glorificá-lo e gozá-lo para sempre.
A prioridade de Deus não mudou. O que mudou foi a atitude do homem para com Deus.
Um ser criado para viver um relacionamento gostoso, sadio, prazeroso com seu Criador e que joga por terra tudo isto por ceder à tentação de querer ser mais. Querer ser igual a Deus conhecendo o bem e o mal. Querer ser ele mesmo o centro do Universo.
E ainda assim Deus não mudou sua prioridade.
Ele é imutável.
O salmo 46 no versículo 10 nos lembra de que ele é soberano. Ele estabeleceu seu propósito e este vai se cumprir.
O texto nos diz: Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus; sou exaltado entre as nações, sou exaltado na terra.
Isaías 42.8 nos diz: Eu sou o Senhor, este é o meu nome; a minha glória, pois, não a darei a outrem, nem a minha honra às imagens de escultura.
Isaías 48.11: por amor de mim, por amor de mim, é que faço isto; porque como seria profanado o meu nome? A minha glória não a dou a outrem.
Está claro. Ele é o soberano. Ele escolheu a sua própria glória como objetivo.
E o homem se afasta desse Deus maravilhoso e se vai perdendo neste distanciamento cada vez maior até chegar à cauterização de sua consciência e dizer: não há Deus!
O Tempo de hoje traz alguns desafios para nós cristãos.
Segundo palavras de um conhecido teólogo:
No intuito de fazer avançar a civilização os pensadores de nosso tempo dizem que é necessário destruir. Buscam a destruição dos que defendem absolutos.
Defendem a idéia de que igreja é uma comunidade social, cultural, afetiva e litúrgica onde não há lugar para doutrinas e padrões de comportamento.
Que estaríamos diante de um Deus que não fala; um fiel que não escuta, nem obedece.
Que a Bíblia é “uma coletânea de textos religiosos, úteis para a devoção pessoal e para o uso litúrgico, mas de onde não se deve buscar ensinos doutrinários ou morais.”
Houve até um biblista pós-moderno que disse “o problema da Bíblia é ser chamada de sagrada”.
O que se vê por aí é:
"• a superficialidade
• o experiencialismo
• a rejeição ao conhecimento doutrinário
• a ausência de identidade e fidelidade denominacional
• a religião de resultados
• a batalha espiritual como retorno à cosmovisão medieval
• a teologia da prosperidade e as “indulgências protestantes” .
• o Divisionismo e a desvalorização institucional
• a licitude da prática homoerótica
• a ordenação de homossexuais praticantes e a bênção de uniões do mesmo sexo."
As igrejas evangélicas estão fragilizadas pelo excessivo divisionismo denominacional e este divisionismo é fruto do pensamento deste nosso tempo que prega a desconstrução de todo o valor; ele prega a fragmentação e despreza a autoridade.
É a busca do mal para si próprio.
A igreja cristã primitiva se distinguia no valor que dava à autoridade.
Para os primeiros cristãos só existia uma autoridade final: a Bíblia, a Sagrada Escritura – a vontade revelada de Deus.
E é esta Escritura que nos alerta em Jr 7. 23: mas isto lhes ordenei dizendo: Dai ouvidos à minha voz, e eu serei o vosso Deus, e vós sereis o meu povo; andai em todo o caminho que eu vos ordeno, para que vos vá bem.
Essa foi a ordem do Senhor: Conhecê-lo/ Temê-lo.
Mas o homem não ouve, não obedece.
E Deus nos diz: Por que, pois, este povo se desvia, apostatando continuamente? Persiste no engano e não quer voltar. Eu escutei e ouvi; não falam o que é reto, ninguém há que se arrependa de sua maldade, dizendo: Que fiz eu? Cada um corre a sua carreira como um cavalo que arremete com ímpeto na batalha. Até a cegonha no céu conhece as suas estações; a rola, a andorinha e o grou observam o tempo de sua arribação; mas o meu povo não conhece o juízo do Senhor. Como, pois, dizeis: Somos sábios, e a lei do Senhor está conosco? Pois, com efeito, a falsa pena dos escribas a converteu em mentira. Os sábios serão envergonhados, aterrorizados e presos; eis que rejeitaram a palavra do Senhor; que sabedoria é essa que eles
têm?
O texto fica latejando em nossa mente... Que sabedoria é essa que eles têm?
E Deus nos alerta: Jr 9.23 - Assim diz o Senhor: Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem o forte na sua força, nem o rico nas suas riquezas; mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em me conhecer e saber que eu sou o Senhor e faço misericórdia, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o Senhor.
Mas o homem não quer saber disto.
Mesmo nos meios eclesiásticos, a primazia não tem sido dada a Deus.
O pastor Isaltino Coelho diz assim: “Assim como não há nada de novo debaixo do sol, não há nada novo no cenário religioso. Nossa civilização mantém a mesma linha da civilização de Babel: “Façamo-nos um nome”. O orgulho que impele a querer viver sem Deus."
Jesus cumpria seu ministério e tinha a seu redor não só os seus seguidores mas também escribas e fariseus que o observavam procurando ver se ele faria alguma coisa da qual o pudessem acusar. Quando curou o homem da mão ressequida num sábado (Lc 6.6, Mt12.9-14, Mc3.1-6) o que provocou neles não foi a adoração devida e o louvor, pelo contrário, eles se encheram de furor e discutiam entre si quanto ao que lhe fariam.
A idéia de acabar com Deus, de matar Deus, é bem mais antiga do que pretendem os filósofos.
O salmo 14 nos alerta: Diz o insensato em seu coração: não há Deus! Corrompem-se e praticam abominação; já não há quem faça o bem... É a nossa realidade também.
E quem é o insensato?
O insensato pode ser altamente inteligente, segundo os padrões do mundo. Mas ele se esquece da natureza verdadeira da realidade. Ele nega a existência de Deus como uma questão de preocupação humana. Ele é sábio a seus próprios olhos e por isto não teme o Senhor.
O conselho da Palavra para nós nesta hora é: (Pv 14.7) Foge da presença do homem insensato, porque nele não divisarás lábios de conhecimento.
E é bom que entendamos isto.
A geração de Noé não quis ouvir. E se viu tragada pelo dilúvio – ato do juízo divino.
Israel provocou a ira do Senhor até o ponto de Deus o rejeitar de sua presença e permitir que fosse levado para o cativeiro – ato do juízo divino.
É a advertência constante que não está sendo levada em conta: - o meu povo não conhece o juízo do Senhor.
Cantares 2.16 tem uma expressão muito especial que me fala à alma: o meu amado é meu e eu sou dele. Se Deus é o meu Deus, e, se sou dele de verdade, tenho uma grande obra a realizar.
Lucas 22.29 diz: Assim como meu Pai me confiou um Reino, eu vo-lo confio... Recebemos uma incumbência muito especial de nosso Senhor Jesus. A responsabilidade é muito grande.
Quando olhamos para os lados, na busca de companheiros para a obra somos levados a exclamar com o salmista (Sl 12): Socorro, Senhor! Porque já não há homens piedosos, desaparecem os fieis entre os filhos dos homens. Falam com falsidade uns aos outros, falam
com lábios bajuladores e coração fingido!
Muitos ainda dizem: Essa palavra não é para mim! Como Israel eles dizem: não pequei! Estou inocente. Certamente a sua ira se desviou de mim.
Eis que entrarei em juízo contigo, porquanto dizeis não pequei, diz o Senhor, que mudar leviano é este dos teus caminhos?
A palavra do Senhor é séria.
Ele nos mostra que seu povo escolhe estar distante dele, não lhe obedecer e, ainda assim, diz ser inocente.
E aí não dá mais.
E Deus lhe avisa: vou entrar em juízo contigo.
É interessante o amor do nosso Deus. Mesmo preparando-se para julgar o seu povo, ele ainda escolhe avisar e avisar, e dizer o que vai acontecer.
Amós 3.7 nos diz: Certamente, o Senhor Deus não fará coisa alguma sem primeiro revelar o seu segredo a seus servos, os profetas.
Ele faz com que sua Palavra seja pregada, sua vontade conhecida, mas seu povo prefere não atender.
Lucas 12.47.48 traz: Aquele servo, porém, que conheceu a vontade de seu senhor, e não se aprontou, nem fez segundo a sua vontade será punido com muitos açoites. Aquele, porém, que não soube a vontade do seu senhor, e fez coisas dignas de reprovação levará poucos açoites.
Mas àquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido; e àquele a quem muito se confia, muito mais lhe pedirão.
São palavras do Senhor Jesus.
Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo esteja conosco nos levando a conhecê-lo mais e mais e nos levando a trabalhar no seu Reino, (Reino que ele nos confiou), sempre na prática do Temor do Senhor.
E que sejamos firmes, inabaláveis, e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, a nossa ação não será vã.
Amém.
CMC