Justiça: Contradições do Mundo Moderno

Num mundo como o nosso é muito complicado falar de justiça. Podemos falar de Direito, de leis. Que nada mais são que contratos sociais, quem em tese, são feitas pelo povo e para o povo. Ainda que por intermédio de seus representantes.

É bem verdade que no Brasil as leis são feitas pelos governantes e para os governantes. Com a ajuda do comodismo do seu povo, que é sempre eficiente, ou melhor, “esperto” no individual, mas que não sabe viver como coletividade.

Mas já disse um grande pensador, Karl Marx, que as leis humanas são injustas, porque trata os diferentes de maneira Igual.

Pois se é verdade que a lei tem que ser igual para todos, uma coisa que a razão nos mostra também é que as pessoas são diferentes. Isto é incontestável.

As razões que levam uma pessoa a cometer um mesmo crime são inúmeras.

Rouba-se muitas vezes para comer, ou rouba-se para enriquecer. Rouba-se com uma arma de fogo, com uma arma branca. Ou rouba-se de maneira ainda mais abominável: aproveitando-se de cargos que lhe foi confiado para administrar dinheiro público.

Mas um rouba e é apontado na rua. Outros roubam e são até elogiados pela maneira como o fazem.

Na novela da Rede Globo de Televisão, “Duas Caras”, tivemos ontem, dia 19 de abril, um exemplo, onde uma personagem paga suas contas com o cartão corporativo da Universidade pela qual é responsável, mas é ovacionada pela maneira como se livra da situação incômoda. Simplesmente incômoda a situação de usar de maneira indevida algo que não lhe pertence, sendo ela a responsável por uma Universidade. Lugar este onde estavam depositadas as nossas esperanças de formar cidadãos. Um belo exemplo de esperteza, mas pena que não seja um exemplo de cidadania.

É preciso refletir sobre que tipo de sociedade espera-se formar aplaudindo este tipo de coisa.

Uma sociedade em que aquele que cursa uma faculdade sente-se a vontade para cometer um crime, já que a lei o protege. Dá a ele direito a uma cela especial, por exemplo. Já os políticos nem se fala de tantos privilégios para serem corruptos. É um convite.

Mas se o “Zé” da esquina roubar um pedaço de pão para alimentar seus filhos que morrem de fome porque o governo não é capaz dar a este cidadão uma oportunidade de emprego digno, vai ser preso. E não será difícil que seja condenado e fique muitos anos na prisão, embrutecendo, sendo sustentado pelo povo.

Vejam que as leis humanas são imorais. E somente a moral, no sentido real da palavra, no sentido de auto-educação do ser, pode conduzir a uma sociedade sadia. Uma sociedade de valores, que tenha menos leis e mais eficiência.

Um fato que vai de encontro a esta afirmação é que a constituição Japonesa tem apenas 12 artigos. E funciona, porque seu povo tem valores. São educados para tal. Foram educados assim desde tempos remotos.

Só a educação que visa uma lapidação do ser humano pode constituir um tribunal infalível, que é o tribunal da própria consciência, que não falha quando desperta. Somente a educação leva um ser humano a respeitar no semelhante o que quer que seja respeitado em si mesmo.

Leis são válidas, já que, por mais evoluída que seja uma sociedade, existirão sempre divergências que derivam dos diferentes pontos de vista. O que é maravilhoso, pois faz a sociedade crescer.

Porém só a educação, esta nobre arte de formar cidadãos, pode conduzir a humanidade a um estágio que lhe dê o direito de ser chamada de sociedade humana, civilizada. Até que isto aconteça será mais coerente chamá-la simplesmente de uma sociedade detentora de conhecimentos.