A FORÇA DA IMPRENSA

Começo este meu artigo com uma confissão verdadeira: tenho uma profunda admiração pelo jornalismo, pelo trabalho da imprensa nos diversos veículos.

Acho até que sou uma jornalista frustrada!

Mas nessa semana, cenário que foi da cobertura jornalística sobre o lamentável crime que não só abalou a opinião publica nacional como o jornalismo internacional, fiquei perplexa com a força da imprensa, com a sua capacidade de instigar as emoções e as opiniões.

O Brasil inteiro de súbito, virou palco da Justiça, de julgamentos, e de sentenças...pré concebidas.

Por aqui, a coisa foi de impressionar.

Parecia uma guerra de audiência, para se ver quem prendia mais a atenção do telespectador.

É óbvio que aqui não me refiro ao mérito do que aconteceu, em absoluto!

Mas o que me chamou a atenção, foi o quanto a posição da imprensa, a maneira como a notícia é veiculada, como as opiniões jornalísticas não explícitas, porém subliminarmente colocadas, podem funcionar como centelhas perigosas, como estopins de violência, numa sociedade que já é vítima dela...em demasia.

Passei então a prestar mais atenção no como as notícias eram veiculadas, e foi muito fácil diagnosticar a tática da informação.

Parecia uma mar de vais e véns...e depois do "não me comprometo'.

Porém, na condição de humanos, também não considero nada fácil diante da perplexidade da emoção, ainda que na condição de imprensa, manter-se totalmente imparcial a fatos absurdos.

Eu não me lembro dum crime que tenha abalado tanto a opinião pública.

Pessoas idosas vieram de longe apenas para observar o palco da tragédia.

O comércio local parou. Cenas de agressividade e fúria pipocaram por todo o entorno, pessoas residentes da região perderam o sossego, e me parece que a tendência da população era pagar o ocorrido na mesma moeda.

Lembrei-me dos relatos da antiguidade...

Preocupante, muito preocupante.

Não acredito que violência ou injustiças se resolvam com violência.

Mas a reação da sociedade, a meu ver, mostra algo que vai além do justo repúdio pelo crime, ou do sensacionalismo emocional.

Mostra claramente que estamos com o copo da impunidade transbordado.

Todos clamam pelo pagamento justo a todos os tipos de crime!

Observo que parece existir um nó social entalado na garganta de todos, uma desesperança nas instituições, um clamor evidente por justiça aos fatos, desde aos mais corriqueiros até aos mais macabros.

Portanto existe um terreno predisponível a se insuflar muito facilmente colocando a todos nós sociedade em perigosa fragilidade.

E nessa hora que julgo que todo cuidado é pouco.

O trabalho da imprensa é lindo, mas como qualquer outro deve observar os preceitos da responsabilidade.

Vale lembrar que muitas conquistas políticas e sociais da nossa história também devemos ao trabalho ilibado e impecável da imprensa.

Deve ser por isso que tanto já se tentou calar as vozes e as letras!

Como sempre considero que nada é por acaso, eis agora uma oportunidade imperdível para que as autoridades sociais observem a tal comoção.

E que enquanto sociedade, sejamos fortes e civilizados o bastante para se fazer Justiça...mas nunca com as próprias mãos.