A queima de livros didáticos em praça pública. Uma ação de professores sindicalistas.
A primeira impressão de quem lê o título deste pequeno, mas contundente artigo, é a de que nos reportamos ao tempo em que a história do Brasil registrava feitos obscuros, como a inquisição, há 500 anos, quando centenas de obras escritas evidenciando oposição às diretrizes do catolicismo foram incineradas em praça pública, assim como ocorreu também na Alemanha, no período sombrio de 1933 a 1945, sob o governo totalitário de Adolf Hitler.
Infelizmente, porém, embora estejamos no século XXI, o fato de que se trata aconteceu há alguns dias em pleno centro da cidade de São Paulo proporcionando-nos imaginar o retorno à época em que efetivamente se registraram os casos anti-culturais. A incoerente queimada não chamou a atenção somente pela própria natureza, mas ainda por ter sido concretizada por um grupo de professores pertencente a APEOESP, o maior sindicato de professores de São Paulo, os quais deveriam ser os primeiros a preservar todo e qualquer compêndio.
Apesar de seus motivos embasados no protesto contra a implantação do novo currículo escolar criado pela Secretaria Estadual de Educação, contrariando interesses pessoais, esse procedimento totalmente inadequado e doloso, agravado por ser iniciativa de uma entidade envolvida com a formação dos alunos, fere os preceitos da ética e denigre a classe nobre dos docentes.
No meu entender a insensata atitude ultrapassou o limite da razão, uma vez que o protesto classista poderia ter sido elaborado de forma mais profissional e o acervo didático doado para bibliotecas comunitárias da região. Por coincidência e ironia, nesta data de 18 de abril em que redigi este texto, está sendo comemorado o Dia Nacional do Livro Infantil, bem como o aniversário de nascimento do escritor José Bento Monteiro Lobato, detentor da célebre frase: “Um país se faz com homens e livros”.