Capitalismo x consumismo "Preenchendo vazios"
Vive-se hoje em uma sociedade cujas bases de organização e desenvolvimento encontram-se pautadas nos pilares do Capitalismo, ou seja, uma sociedade organizada em torno dos bens de consumo. Porém o que pretendo refletir com vocês caros leitores são as falsas idéias transmitidas através de conceitos e dogmas sociais acerca da beleza como sinônimo de consumismo, de felicidade.
Convido a refletirmos acerca do conceito de beleza, de moda, de status sociais numa perspectiva holística, verdadeiramente humana, longe dos dogmas preceituados pela sociedade.
O conceito de beleza esta associado à cultura de cada época, na Idade Média, por exemplo, o padrão de beleza feminina praticamente não existia. Foi com o Renascimento que houve o resgate do ideal greco-romano de beleza, e o corpo voltou a ter um papel importante nos valores da sociedade ocidental. Foi nessa época que as mulheres gordinhas (na verdade, as mulheres nobres que conseguiam se alimentar direito) se tornaram referenciais de beleza. Temos hoje um conceito de mulher e de homem bonito! Bonito hoje é quem é magérrimo, é quem tem dinheiro, carro, status financeiro formam o paralelo a condição do Ser bonito, ou seja, o conceito de beleza esta associado à epistemologia do capitalismo – o consumo.
E preciso resgatar nossos valores reais, nossa capacidade infinita, aquela em que o tempo não pode assinar com rugas, mas sim com conteúdo, com nossa bela literatura da alma, cujas traças jamais poderão alcançar. A falta de auto-estima e de autoconhecimento contribuem para que as pessoas tornam-se vulneráveis e amplamente acessíveis a esse vírus emocional, da beleza associada à felicidade, quase sempre inatingíveis. Ao acreditar que a felicidade esta fora de nós, estamos relegando a outrem a responsabilidade e possibilidade que esta dentro de nós, daí a origem das insatisfações emocionais, do sofrimento. O sistema capitalista contribui para disseminação desses falsos ideais, padrões estéticos escravizadores que nos impedem de pensar, pois temos que nos ocupar contando as calorias dos alimentos que ingerimos, enquanto na próxima esquina como pude observar dias atrás o andarilho olha a vitrine da confeitaria, dando a vida para saciar a dor da fome.
A felicidade perene não esta no carro do ano, nas roupas e jóias caras, esta repousando tranqüila dentro de nossa alma, esperando por ser descoberta, a senha de acesso é o autoconhecimento e a caridade. Já recomendou tão efusivamente o filosofo Sócrates “Conheça-te a ti mesmo”, Sócrates propunha que as pessoas saíssem da caverna, da escuridão que havia em seus espíritos. Para alcançarem à luz, seria necessário, segundo ele, buscá-la. Porém, aonde buscá-la? A resposta era imediata: dentro de nós mesmos.
Saia do chão voe alto nas possibilidades infinitas do Ser, do ser corajoso, do ser caridoso, determinado no cumprimento existencial de sua proposta e reforma intima.
Pesquisas apontam para o constante crescimento do índice de jovens e adolescentes com distúrbios alimentares gravíssimos, como a bulimia e anorexia. Para se “encaixarem” nos padrões da moda e da beleza mutilam seus corpos, muitos casos a bulimia e a anorexia são irreversíveis levando a morte.
Os padrões são vícios emocionais que distanciam o homem de sua natureza divina, são altamente contraproducentes para o desenvolvimento das inteligências emocionais, impedimento ao alcance da verdadeira felicidade.
Por que não criamos um padrão de beleza associado à cultura? A inteligência, ao amor e a caridade?
Percebam a elegância impressa em uma pessoa generosa, em pessoas com amor no coração, a leveza e delicadeza nos olhos bondosos em direção ao próximo. Estamos nos acostumando a achar normal o que é comum, a violência, a fome, o descaso em relação ao próximo, muitas vezes bem próximo. Tudo caiu nas armadilhas da normose, do não tenho nada a ver com isso, a empurroterapia, talvez seja esse o maior dano causado pelo Capitalismo, a consciência egoísta impressa no comportamento humano.
Vive-se como soldadinhos de chumbo, condicionados correndo atrás de realizações imediatistas e superficiais. Temo que a composição química da fluoxetina não consiga atender a demanda das insatisfações humanas que crescem cada dia, não fará mais efeito.
Penso que haverá um dia que a ciência não conseguira desenvolver amortecedores emocionais capazes de suavizar as insatisfações psíquicas que criamos. E preciso saber que o caminho da felicidade que a sociedade nos aponta é falso, é atalho, estão subestimando nossa inteligência.
Faço um adendo, mantenhamo-nos vigilantes, atentos aos falsos padrões que nos é imposto, para isso, é necessário investimento intelectual e trabalho duro na árdua tarefa do autoconhecimento e da reforma intima para não perder de vista nossos verdadeiros ideais. Finalizando, sejamos sempre seres em busca da verdade que há dentro de nós, sendo pessoas melhores, dedicando tempo às coisas verdadeiramente preciosas da vida, pois assim dificilmente nos perderemos nos atalhos.