Escravos da vaidade
A valorização da imagem nunca esteve tão evidente em nossa sociedade, vive-se hoje um tempo onde a aparência esta pretensamente associada à idéia de felicidade, de superioridade. Sabe-se, contudo, que ter uma boa aparência é muito importante na vida profissional e nas relações interpessoais que estabelecemos no meio social, no entanto, ter boa aparência não significa ser uma Gisele Bunchem, toda pessoa pode sim ter uma imagem pessoal positiva associada ao comportamento, ao intelecto, a maneira de ser, e não apenas parecer.
A pretensão desta abordagem procura refletir acerca dos excessos, das loucuras cometidas em busca de ideais de beleza, quase sempre inatingíveis. Basta ligar a tevê, folhear uma revista ou mesmo observar os outdoors para perceber como está implícito um padrão estético, é preciso, no entanto, conscientizar os jovens sobre as falsas ideologias impressas por trás das imagens. A influencia da mídia age diretamente sobre o comportamento de milhares de jovens, que despersonalizados, acabam sendo influenciados por padrões de comportamento. Essa influencia vem atingindo toda uma geração de mulheres (e homens também) que acabam se sujeitando a toda espécie de tratamentos estéticos, onde a saúde fica quase sempre em último plano. Na busca imediata de resultados, pessoas não usam critérios na escolha do profissional colocando sua vida em risco.
Quantos casos de mortes causadas em intervenções estéticas, lipoaspirações mal sucedidas, queimaduras em sessões de bronzeamento artificial, perda do cabelo em tratamentos de alisamentos, danos no sistema nervoso em função de tratamentos clandestinos de emagrecimento, problemas de coluna e hérnias de disco por excesso de malhação, enfim, acredito que para cada um de nós um dos casos é comum, já ouvimos falar.
O caso que mais chama a atenção sobre loucuras em nome da vaidade é representado pela modelo Ângela Bismarchi, 36 anos, que se submeteu a 44 intervenções estéticas.
O que leva o ser humano a refazer toda sua imagem? Transformar a própria natureza? O que esta faltando? Quais os mecanismos de compensação, de negação da própria imagem que levam a pessoa a se transformar, a perder a própria identidade?
O comportamento irresponsável, a busca por resultados imediatos é fruto de uma estática psíquica herdada duma geração preocupada em manter aparências, relegando ao degredo a importância do ser. Como adendo, vale considerar que nem sempre os melhores rótulos contem os melhores conteúdos!
Contudo, a conseqüência dessa maratona sem precedentes em nome da beleza vem fazendo muitas vitimas, milhares de jovens caem nas mãos de médicos charlatões, colocando suas vidas em risco. É fundamental que os pais estejam atentos ao comportamento dos filhos, observando seu comportamento, suas atitudes e hábitos alimentares. Cresce assustadoramente o número de casos de bulimia e anorexia – distúrbios alimentares- causando, muitas vezes, danos irreversíveis a saúde.
Uma geração despersonalizada compõe a “passarela” do século 21, jovens que preocupados apenas com o aspecto físico esquecem de ser, de ser gente! Esquecem de pensar sobre a beleza interior, associada à generosidade, ao amor, a gratidão, aos bons modos, a educação. Barbies semi-analfabetas desfilam seus copos magros, incapazes de sustentar o vazio de suas cabecinhas ocas.
O mais importante, neste contexto, é conscientizar os jovens, principalmente na fase da pré-adolescência, acerca dos verdadeiros princípios, da superioridade do ser humano face à superficialidade das aparências. Valorizar suas qualidades, aptidões favorece a formação da auto-estima antídoto infalível contra as influencias dos padrões doentios de beleza. Cabe a família e a escola darem importância a este aspecto, criando espaços para discussão e conscientização da força das ideologias na vida cotidiana das pessoas.
Por que não criamos um padrão de beleza associada à cultura? , à educação?
Faz-se urgente acordar nossos jovens para o verdadeiro significado da vida.
Pensem nisso!