Indignação nossa de cada dia

Creio que o leitor mais atento tenha se apercebido de que nos textos anteriores havia um certo distanciamento de minha parte por conta da forma impessoal com que os textos eram redigidos, isso em virtude do uso da partícula “se”, a qual, conforme algumas técnicas de redação, funciona como um mecanismo de imparcialidade, deixando assim, a título de interpretação, um campo bem mais abrangente para o leitor.

Dito isso, gostaria de prevenir o leitor de que o texto que se seguirá trará o sujeito em primeira pessoa, pois o assunto é algo que talvez irá causar aversão por parte de uns, sentimento de ofensa por outros e assim segue...

A cada dia que passa sinto-me mais envergonhado de fazer parte de uma sociedade, mesmo sabendo que sozinho é quase impossível de se viver. Essa revolta é fruto proveniente de ações de indivíduos que se protegem, ou melhor, se escondem atrás de títulos que a sociedade enaltece e defende ferrenhamente “com unhas e dentes”.

Primeiramente, encontro-me no dever de perder algum tempo citando uma certa apresentadora de programa infantil que traz na “cara lisa” a imagem de boa moça, praticante da moral e dos bons costumes (rotulada de rainha), que não muito distante no tempo “deitou-se” com uma criança em um filme proibido para menores de 18 anos, do jeito que veio ao mundo. Bem, se é essa a “rainha”, salvem nossos filhos das infames do reino.

Um outro caso, um pouco mais leve, diz respeito aos positivistas de plantão. Esse povo que tem mania de se apegar em livros de auto-ajuda (os quais só ajudam aos escritores), frases feitas, ou até receitas de felicidade via televisão (muito comum em uma emissora que tem um logotipo redondo), em que a apresentadora encoraja o telespectador, entre outros disparates, a deixar o trabalho, os compromissos e as dívidas de lado e ficar de “pernas para o ar”, sem fazer nada. Ótimo não é? Sim! Porém isso é extremamente fácil de se falar para quem tem uma “obesa” conta bancária e um contrato de trabalho livre de preocupações. Isso tudo, creio piamente, é no mínimo ofensivo e humilhante a tantos que, com os filhos famintos e/ou doentes, padecem suas horas entregues ao acaso (e ao descaso), pelas ruas em condições sub-humanas. Sim, é certo que isso não é culpa da citada apresentadora, mas um pouco de bom senso acerca da realidade do país não faz nenhum mal; e “receitas” positivistas de felicidade (que é efêmera), são tão úteis quanto chapéu para um decapitado.

A terceira revolta aporta no campo religioso. Sei que é delicado tocar em tal questão, mas algo que atualmente me intriga, e muito, trata-se da questão das células tronco. Não entendo, sinceramente, como pode haver quem esteja contra tal avanço, se desde que o humano se entende por humano, que se busca uma saída, um modo de prolongar a vida, perpetuar a espécie. Enquanto isso a igreja, vem com suas teorias de que os ditos embriões são vidas humanas, e que atentar contra os mesmos é atentar contra o Criador... Faça-me o favor! Então que sejam vidas humanas, mas serão vidas (embriões) que salvarão outras vidas (humanos). Incoerente é o que é a igreja. Pregam desde que o mundo é mundo que Jesus deu sua vida por nós, e agora querem proibir que uma vida (embrião), dê vida (humana) a outro. Sem mais...

Poderia citar aqui mais uma dezena de exemplos, mas o espaço é restrito e o leitor tem mais o que fazer...

Gimi Ramos
Enviado por Gimi Ramos em 17/04/2008
Código do texto: T950546
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