3. Admoestação: Da Obediência Perfeita
“Diz o Senhor no Evangelho: ‘Quem não renuncia a tudo o que possui não pode ser meu discípulo’ (Lc 14,33), e: ‘Quem quiser salvar sua alma, perdê-la-á’ (Mt 16,25)”. Abandona tudo quanto possui e perde o seu corpo aquele que a si mesmo abandona inteiramente à obediência nas mãos do seu prelado.
E tudo o que faz e diz, sabendo que não contraria a vontade dele, e sendo bom o que faz, é obediência verdadeira. E se acaso o súdito vê algo melhor e mais útil à sua alma do que aquilo que o prelado ordena, sacrifique a Deus o seu conhecimento voluntariamente, e se aplique com firmeza a cumprir as ordens do prelado, pois nisto é que consiste a verdadeira obediência feita por amor, que satisfaz a Deus e ao bem do próximo.
Entretanto, se o prelado der ao súdito alguma ordem contrária à alma, este todavia não se separe dele, mas não é lícito obedecer-lhe. E se por esse motivo tiver de suportar perseguições da parte de alguém, que então o ame ainda mais por amor de Deus. Pois aquele que prefere aturar perseguições a querer ficar separado de seus irmãos, permanece verdadeiramente na perfeita obediência, porque “dá a sua vida pelos irmãos”. (Jo 15,13).
Há efetivamente muito religiosos que, sob o colorido de verem coisas preferíveis às que os prelados ordenam, “olham para trás” (Lc 9,62) e “voltam a vômito de sua vontade própria” (Pr 26,11). Esses tais são homicidas e, por seus maus exemplos causam a perdição de muitas almas. (Escritos de S. Francisco).
Prezados irmãos e irmãs, só obedece quem é livre; quem é escravo do que faz fora da graça de Deus, torna-se preso ao seu fazer pecaminoso e com isso enche-se de revolta e dor, jamais conhecera a misericórdia e a verdade. “E Jesus dizia aos judeus que nele creram: Se permanecerdes na minha palavra, sereis meus verdadeiros discípulos; conhecereis a verdade e a verdade vos livrará.
Replicaram-lhe: Somos descendentes de Abraão e jamais fomos escravos de alguém. Como dizes tu: Sereis livres? Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: todo homem que se entrega ao pecado é seu escravo. Ora, o escravo não fica na casa para sempre, mas o filho sim, fica para sempre. Se, portanto, o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres”. (Jo 8,31-36).
O Padroeiro de nossa Província, São Maximiliano Maria Kolbe dizia: “Caso o meu prelado em algum momento me diga um ‘sim’ eu digo sim com ele; caso noutro me diga um ‘não’, também acolho o não em obediência a ele e não digo que errei, pois na obediência livre está a mão de Deus”.
Portanto, caríssimos irmãos e irmãs, a glória de Deus só é alcançada quando exercitamos com empenho essa virtude do Espírito Santo; pois, o próprio Senhor a exerceu até o fim de sua vida terrena como bem o disse São Paulo: "Embora fosse Filho de Deus, aprendeu a obediência por meio dos sofrimentos que teve". (Hb 5,8). E ainda: “Dedicai-vos mutuamente a estima que se deve em Cristo Jesus. Sendo ele de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens. E, sendo exteriormente reconhecido como homem, humilhou-se ainda mais, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz”. (Fl. 2,5-8).
Que venha o Reino, que venha a glória, aqui estamos Senhor à tua espera. Amém! Assim seja!
Paz e Bem!