O templo do amor

Tido como uma das sete maravilhas do mundo moderno, e ainda em perfeito estado de conservação, o palácio Taj Mahal, na Índia é um monumento que encanta por sua plasticidade arquitetônica, ao mesmo tempo que comove e emociona pela história de amor que lhe deu origem. Se você apanhar um trem em Nova Delhi, na direção do norte da Índia, dali a umas quatro horas, chegará à cidade de Agra, às margens do rio Jamina.

Da estação ferroviária, quem levantar a cabeça para o lado do poente, vai enxergar seis torres de mármore branco, medindo, cada uma, quarenta metros de altura, de um templo, um marco indicativo do amor de um homem por uma mulher, numa sociedade patriarcal, em que era facultado ao homem ter mais de uma mulher.

A história do amor entre o imperador Sahah Jahan e sua mulher Ardjumand Banu Begum, tem emocionado, há alguns séculos, a turistas, aventureiros, amantes e poetas, que não podem deixar de se deslumbrar pela história e da forma como foi o romance eternizado.

Para construir o palácio, Jahan mandou buscar mármore no Rajastão, importou granito do Cazaquistão (Rússia), e comprou pedras preciosas, ônix, jade e rubis, da China, da Mongólia e da Ásia central. Durante 21 anos, a partir de 1632, mais de quatro mil operários se encarregaram de erguer o monumento. O que era para ser uma moradia do casal, acabou se tornando um túmulo: Ardjumand morreu ao dar à luz um filho. Desolado com a morte da mulher, o imperador resolveu transformar o palácio em mausoléu, dando-lhe o nome de Taj Mahal, “o templo do amor”.

A frente do monumento está voltada para o rio Jamina, e só pode ser vista por quem passar de barco por ali. As laterais e o fundo têm um trabalho artesanal detalhado e cuidadoso, onde estão desenhados na parede, trechos dos Vedas livro sagrado do hinduísmo, sobre delicadas flores de lótus. Protegida, por essa beleza a Begum (esposa) descansa dentro de um caixão de mármore. Residindo em um palácio próximo, Jahan viveu o resto de seus dias sentado junto à janela, pranteando a falta da esposa, e contemplando ininterruptamente seu mausoléu.

Dizem os habitantes de Agra, que de tanto olhar para a branca figura do templo, Jahan ficou cego, mas mesmo assim, jamais deixou de permanecer com o rosto voltado para a direção do Taj Mahal. Em homenagem, ao que segundo o poeta Tagore é “a lágrima que não se perdeu no tempo”, os namorados vão lá, buscar junto ao túmulo do casal, que foi enterrado junto, bênçãos e energias para seus amores.

(Crônica premiada. Publicada em fevereiro de 1998)

Antônio Mesquita Galvão
Enviado por Antônio Mesquita Galvão em 11/04/2008
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