"ESPONJISMO", A POLIFAGIA ADMINISTRATIVA
Todos nós procuramos transformar os nossos atos em situações facilmente compreensíveis, de forma a termos sempre um menor esforço na sua execução. Assim, racionalizamos a maior parte de nossas atitudes, buscando compreendê-las. Às vezes esta racionalização pode ser feita de forma defeituosa, quando o objeto da compreensão é complicado, ou quando envolve mudanças no nosso raciocínio ou comportamento, para as quais não estamos preparados.
Quando em nossa formação de personalidade os erros são freqüentemente ressaltados, em detrimento dos elogios pelo acerto, podemos crescer com um grande medo das falhas, que possamos cometer. Chego a brincar e dizer com freqüência, que a maior falha que cometem em nossa educação é a de mentirem para nós, que somos feitos à imagem e semelhança de Deus. Isto, na cabeça de uma criança, soa mais ou menos assim: _ você se parece com Deus, e tem que agir igual a ele, sem errar, para não magoá-lo. Está feita à ferro e fogo, a marca indelével da "similaridade divina", que arderá para sempre, a cada deslize.
Mas a realidade é outra. Erramos e acabamos, muitos de nós, acreditando que podemos esconder o nosso erro, do julgamento dos outros "divinos perfeitos". Para conseguirem isto, muitos tentam conviver com pessoas que sejam cegas aos seus erros, ou passíveis de serem "cegáveis", se utilizados os acobertamentos adequados.
Quando em posição de mando, buscam "cegar com amor", que expressa toda a sua chantagem emocional: buscam ser meigos, compreensivos, verdadeiros mestres que mostram quase tudo, menos o "pulo do gato", para fazerem de seus pupilos, verdadeiros cordeirinhos, dependentes de sua magnanimidade, desde que sejam cegos para sempre. Até passam lentamente a ser controladores do ar que liberam, para que os comandados respirem e agradeçam por isto. Dão-lhes migalhas, para que sejam gratos e se rejubilem quando recebam um elogio.
Aos poucos orquestram toda a seção e se deixarem, o mundo. Com todos os bemóis.
Desdobram-se para fornecerem trabalhos limpos, bem abordados, com todos os dados pertinentes. Boicotam entretanto, toda e qualquer aparição de seus subalternos: só eles conversam com os superiores, só eles apresentam seus planos, só a eles devem ser feitas solicitações, só eles podem assinar requisições, só eles, tudo.
Mas, a prática demonstra que, quem toca sete instrumentos acaba sempre desafinando algum: com tanta preocupação, acabam falhando, exatamente quando tudo parece sob controle e começam a se relaxar. É quando um contratado novo entra e descobre o processo de tutoramento e se insurge; ou quando uma sistemática nova é imposta e o esponja se apavora, mostrando dificuldade em se realinhar; é quando um plano Verão surge e nada mais é previsível. Não importa a causa. O paraíso desaba e todo o controle se esvai. Vira o próprio Lucifer: cospe, esbraveja, agride a todos, sente vontade de sumir. Se cobrado mais de uma vez e não encontrou ainda a solução, costuma pedir a conta, julgando-se injustiçado. Alarma a todos em volta, que começam aí, a ver como é inseguro.
Diante de tal quadro, a empresa passa a não confiar mais em suas técnicas, as quais ela nem conhece, pois foram muito bem camufladas. Precisa substituir o "esponja" e não tem ninguém para assumir, pois os imediatos sabem o mínimo, sem a sua "tutela".
Os "esponjas" costumam reinar por muito tempo, pois, freqüentemente fazem o jogo da bajulação e levam seus superiores a crer, que são brilhantes, amigos dedicados.
A forma de identificá-los, é fazendo reuniões com as diversas seções e ver como reagem os funcionários. Se para que emitam sua opinião, o chefe precisar constantemente pedir: "Vamos gente, se abram, não fiquem acanhados!", com toda a certeza ele é um "esponja". Cuidado!
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Texto do Livro: Relações Humanas, o grande tabú nas empresas
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