EPISIOTOMIA

EPISIOTOMIA

Palavra não muito comum para leigos e neófitos, mas de muito uso na medicina e está relacionada ao sexo feminino e refere-se a uma pequena cirurgia. Quando ouvimos falar pela primeira vez ficamos curiosos para descobrir a sua sinonímia. Fato natural e corriqueiro quando queremos conhecer palavras novas e a solução mais fácil e viável é buscarmos o dicionário, apelidado por uns como “pai dos burros”, mas na realidade é a ferramenta primordial dos inteligentes. As mulheres no período da gestação e durante o pré-natal, podem ser alertadas pelos médicos que poderão passar pela episiotomia. Na concepção da medicina a episiotomia trata-se de uma incisão efetuada na região do períneo (área muscular entre a vagina e o ânus) para ampliar o canal de parto e prevenir que ocorra um rasgamento irregular durante a passagem do bebê. É geralmente realizada com anestesia local. Mesmo sendo uma cirurgia simples, cuidados devem ser tomados. Uma episiotomia é uma incisão no períneo, área entre o ânus e a vagina, para alargar o espaço de saída para o bebê, considerado aconselhável para evitar que a sua pele rasgue durante o nascimento. Os médicos realizam este procedimento porque é mais doloroso a pele rasgar e a cicatrização é mais lenta do que um corte cirúrgico que depois é suturado. Pode não ser a maneira mais confortável de se ter um bebê ou recém-nascido, pois a recuperação pode se tornar um sofrimento para a parturiente, visto que a recuperação de uma episiotomia pode ser a parte mais desconfortável para quem é submetida a esse processo cirúrgico. Não é coisa do outro mundo em função da existência de diversos fatores que podem ser feitos para aliviar a dor e ajudar no processo de cicatrização.

Na América Latina milhões de mulheres se submetem a este procedimento médico, bem como ao parto a cesariana, em substituição ao parto normal. Segundo estudos da especialista no assunto, Simone Diniz todos os anos milhões de mulheres na América Latina têm sua vulva e vagina cortadas cirurgicamente (musculatura vaginal, tecidos eréteis da vulva e vagina, vasos e nervos) sem que haja qualquer necessidade médica. Esse corte, chamado episiotomia, tem sido utilizado de rotina em centenas de milhões de mulheres desde meados do século XX, com base na crença de sua necessidade para facilitar o parto, e para a preservação do estado genital da parturiente. Então, a episiotomia seria na opinião da estudiosa uma grande utopia. Mesmo assim a de se perguntar: por que submeter tantas parturientes a esse procedimento cirúrgico desnecessário. Seria ganhar mais pelo parto? Ou apenas uma acomodação médica? É um fato a ser estudado com carinho já que a grávida passa nove meses em estado de gestação, um período não muito agradável e ainda corre o risco de ter uma gravidez e partos complicados. Em meados de 80, existiu uma diminuição dessa prática, talvez pela adesão dos partos cesarianos em que a parturiente prefere ser anestesiada e não sentir dor. Não se pensou nos riscos a saúde da mulher a posteriori, pois a cirurgiada corria o risco de infecções graves, incontinência urinária, fecal e a cicatrização que deixa seqüelas na mulher para o resto da vida.

Existe uma expressão chamada “ponto do marido”, usada comumente em quase todas as nações do mundo, que é a apertadura adicional da vagina ou da vulva, para dar a sensação ao marido na relação sexual de uma suposta virgindade na mulher. Muito freqüentemente associada a dores na relação sexual e mesmo à impossibilidade da penetração, em vários casos existe a necessidade de correção cirúrgica. Isso não é procedimento cirúrgico, e sim uma mutilação oficializada pela medicina. Existem mulheres que ao tentarem manter relações sexuais pós-parto serão submetidas a dores profundas, pois a penetração se torna um ato brutal e nesses casos nova cirurgia deverá ser executada, como foi citado antes. Muito vil metal é desperdiçado nesses procedimentos chegando a casa dos milhões. Vejam como sofrem as brasileiras que dependem do SUS (Sistema Único de Saúde), elas fatalmente são submetidas a essa cirurgia maliciosa e dolorosa. Mais respeito e cuidado com a saúde das parturientes que dependem do famigerado SUS. Um dos argumentos a favor da episiotomia mais enfatizado no Brasil é o de que o parto vaginal deixaria a musculatura vaginal flácida, desqualificando a mulher sexualmente. A evidência científica é clara de que a episiotomia piora o estado genital ao invés de protegê-lo e que o único fator que propicia um tônus vaginal adequado é a prática de exercícios vaginais - orientação virtualmente ausente da assistência pré-natal ou ginecológica em geral no Brasil. O apelo da episiotomia para "devolver a mulher à sua condição virginal", como proposto por alguns autores na década de 20, teve grande eco na cultura brasileira. Durma-se com um barulho desses!

ANTONIO PAIVA RODRIGUES-MEMBRO DA ACI E ALOMERCE

Paivinhajornalista
Enviado por Paivinhajornalista em 08/04/2008
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