CORAÇÕES-SERTÕES
CORAÇÕES-SERTÕES
Êita tempos difíceis.
A seca invadiu os limites intransponíveis da realidade, chegando a um lugar que nem sequer produz chuva, o coração humano.
Estamos com racionamento nas bacias de ternura, afeição, solidariedade e amor.
Elas estão quase secas. Em alguns reservatórios, secou completamente.
Corações-sertãos, cauterizados, fossilizados, petrificados; uma nova modalidade de uma moda que perdura em permanecer.
Lembro-me, agora, da pergunta de meu Mestre: “Quando o Filho do Homem voltar, achará fé na Terra?”
E o que restou de Suas palavras, ao invés de uma resposta sonora e plausível, sussurra, hoje, uma intrigante constatação verossímil.
A fé, que é a fonte de água que jorra os atributos divinos, está secando.
Como provar isto? Não é preciso, basta ver em que direção caminha a humanidade.
E inevitavelmente, ela caminha para a autodestruição...
Uma destruição planetária, (in)conseqüência da destruição presente na alma dos homens.
Porém, ainda há uma reserva de fé em alguns.
Isso é o que a Esperança me diz.
Quem tiver depósito de fé, preserve a todo custo.
Guarde-o a sete chaves.
Multiplique-o em cativeiro.
Pois chegamos à Última Hora e não haverá mais volta.
Como alguém que tem um coração-sertão, rogo que venha dos Céus uma Chuva de Avivamento.
Edson Rodrigues,
27/02/08,
Recife/PE.