A Revista Literária Piauí é Bonitinha Mas Ordinária

Revista Piauí: Bonitinha Mas Ordinária

Acostumado a ler revistas lítero-culturais de renome até fora do eixo-sp-américa do sol, pensei, apesar do nome, Revista Piauí (nada a ver? nada a ler?) vamos a ela. Uma edição, outra, mais, ninguém merece, credo, ruim, vade retro. Burro arbítrio?. Pior: Pequena e pobre como o próprio estado do Piauí. Só ser colorida não significa nada. É muito pouco mesmo. A estética da diagramação literalmente um horror, de cansar a vista/mente carregada de poluições do capitalhordismo americanalhado. Textos enormes, páginas cheias de suspeitas qualidades vazias, mal-e-mal um pasquim colorido por assim dizer. E o semanário carioca era ácido, crítico, preto e pranto, até meio acretinado de incendiário às vezes, não agradando a gregos e bahianos de uma falsa e pop cult de ocasião sócio-cultural. Piauí com panelas. Gente da casa escrevendo sobre gente da casa. Cartuns, se a revista não é de humor, por quê? Uma Caras letral? Pois é. Nem chega a ser a boba e bossal e vendida CULT. Já pensou? Tem muita revista online que dá de dez a zero na Piauí. Ler pra crer. Cronópios, por ex, ensina a Piauí como não ser bobinha com boniteza sem conteúdo e sem qualidade literal. É por aí o bonde da discórdia. Revista Piaui chega a ser isso mesmo, curto e grosso (e óbvio ululante) bonitinha mas ordinária. Prefiro Caros Amigos. Revista Fórum. Quem faz a revista sabe o quê? Revista Piauí, a cara de SP, de amebas Camargos, bananas kassabs, pinóquios de chuchus, vampiros agonizantes, FHnistão (o Pai da Fome blindado pela justiça amoral e pela grande mídia tendenciosa & parcial), entre outros sub-cretinos e outras oxige-nadas. -Por que não emergentes fora de panelas e mesmo do eixo rio-sp? Por que não neomalditos da web?. Os poemas publicados então, cheiram a mofos novos da barbárie letral, coisas bobinhas pra encher lingüiça. Textículos então, do arco da velha. Já pensou? Onde já se viu isso?. Como digo num velho poema (quase 30 anos atrás/atrozes) em um jornal universitário-clandestino da época das arapongas ditatoriais:

Tantas

Tintas

Tontas

Tentam

A Revista Piauí é um desmancha prazeres de expectativas. Deveria ser muito melhor. Eles (issos e aquilos?) têm que refazer o próprio projeto técnico-editorial. Trazerem cobras cegas pra secarem na passarela literária do grupo. Combaterem os egos de meio. Tirarem fixos vazios, saírem do chinfrim, chutarem barracas. Botarem haikais futuristas, microcontos visionários, entrevistas repugnantes, poemaços purgadores, fugirem de antros e máfias do meio doentio de pseudos gênios emergentes; a fórmula da Piauí é um purgante, então se sabe o que produz. Dói saber. Leitores enfezados. Sim a Revista Piauí tinha tudo para ser a melhor dessa latíndia em pó, e dá um tiro no escuro com tantas cores e pouca tez chão. Mirem-se nas mulheres da web. Ana Peluso. Márcia Frazão, Tereza Yamashita. Saiam do grude ordinário de quererem ser o que não são. Pratiquem panurgismos nas grades de conteúdos. Lavem as mãos. Exercitem a mente, a imaginação. Troquem figurinhas com Tom Zé, Glauco, Nelson Oliveira, Erorci Santana, Ferréz, João Scortecci, Álvaro Alves de Faria, mas, chega de quadrinhos que a revista não é de quadrinhos, tende a ser (precisa ser) Cultural. Resenhas. Ousadias. Ensaios. Vão aprender com a ETC da Travessa Editores de Curitiba-Pr. Abram a seção de cartas para volumes envelopais contudentes, críticos, não arrozes de festas tipo saravá curiangos. Ousem com creolina. Criem com lodaçais. Do jeito que está, não está. A Revista Piauí brilha mas não soma. Vc a lê e literalmente a deita fora, não acrescenta, não surpreende, não assusta, não marca, não margeia, não tem luz própria, não tem marca, não simboliza, não tem cara e coragem de ser paradoxal e por isso mesmo revolucionária tipo única. Que utopia é a não-utopia? Do jeito que está fica meio tipo assim um fantástico com o big nothing bial falácias ao vento. Ser revista literária a que será que se desatina? Falsos modismos a parte, quem lê muito e bem e saca lances, não quer ler bonitezas de ocasião com letras bobinhas da silva; não acrescentam nada. A Revista Piauí para ser angu de caroço, ainda precisa de muita farinha, de muita água que oxigena o podre. Só tem o caroço de má qualidade. Aço duro de roer. Gente que pensa que pensa? Que acha que é o que não é? Muito fraca quando poderia ser muito mais. Muito vazia de conteúdos nodais que, pasmem, estocam bugrezas pegajentas e não há talento/inteligência/criatividade em artigos/ensaios/opinões de páginas e páginas. Chatos de carteirinha. E colunaças com mais de uma página é tiro no id. Saiam de si. Reformulem as mulas. Em uma mixórdia com macadames de uma reunião de pauta numero zero experimental, bufem, (m)editem, rasguem o verbo contra as óperas bufas que são essas revistinhas que mal chegam a almanaques maroteiros endossados pela fiesp, oab e outras máfias e quadrilhas tucano-liberais do demo. Será o impossível? Vão lamber sabão, comer proust trutas, ler e aprender. A revista precisa ser revista. O Piauí é mais em cima, mas, a Piauí é muito embaixo. Carece profundidade que preza presa, carece retaliação, carece pôr cabeça, tronco e membros nas feridas, não se achar, repensar, fugir dos modismos mas ser lúcida com os inéditos e censurar os primeiros lugares, ai de nós. Chega dos mesmos. A revista Piauí cai pelas tabelas, pesada, colorida e, no frigir dos óvulos, zeros a esquerda, fraquinha de dar dó. Vão pentear macacos albinos do darwin. O Piauí não merece a Piauí. Botem pingos nos is, nos dáblios, nos aspones. Caiam pelas tabelas. Chutem debaldes. Aticem ânimos. O estilo (argh!) da revista é muito démodé, meio denner para dizer o máximo. E nem cheira e nem freud. E nem cola idéias, sustos, surpresas, tudo cheira a bolor como salsicha de soja. Sujou. A revista Piauí quer perder a chance de contundir atacando, de melar sendo sal entre jias, atiçando sepulturas mal-caiadas entre um retrôpicalha e um bundalelê de escrevinhaduras formóis? Botem o Nelson Oliveira no eixo que ele é do ramo. Sangrem pra singrar. Percam lastros, lustres, vão descolorizando que isso não é mangá. A Piauí - agora é elogio, camaradas - tem tudo para ser a número um, pode vender bem como a própria (e fraca de dar dó) Revista Cult, mas, chega de estrume: instrumentalizem-se e caiam na geral, na arquibancada, no lodaçal dos que escrevem muito melhor do que aquelas que vcs publicam, salvo horrorosas exceções. A revista Piauí tem a cara de sp, por isso é temerária, pipoca, continuismos com sufismos. O Ego está nu. Dengue não é dengo. O haiti não é mais aqui (com o sucesso do Lula Light) mas a Piauí tem que praticar o haraquiri. Sair do modal. Entrar de carne e unha no que pretende ser, altaneira, portentosa, vender pouco mas ter muito, conteúdo, sustância. Do jeito que está, não está. Será o impossível? Se enxerguem. Se fosse pra ser um Fórum Leitores tipo revista não precisava se chamar Piauí. Poderia se chamar Sampa.

-0-Silas Correa Leite, E-mail: poesilas@terra.com.br

Autor de CAMPO DE TRIGO COM CORVOS, Contos, Editora Design

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