Duas faces da mesma dor
O Brasil está se debatendo em torno de uma crise convulsiva em seu caráter: Holofotes e flashes pipocam por todos os lados em torno da tragédia do avião da Tam.
Não, eu não estou me referindo aos desmandos e atropelos do governo ou de quem quer que seja na tomada de decisão e que deveria ter feito isto ou aquilo, mas, nada fez. A minha inquietude está centrada numa casta “bem apanhada” da nossa sociedade que elegeu o tema desastre aéreo como mais importante do que as centenas e centenas de desastres rodoviários que dilaceram o nosso país ano a ano.
O chamamento à questão não visa a colocar grau de maior importância em qualquer um deles – seja nas alturas ou em terra firme - e, sim, indagar a razão dos “viajantes de ônibus” não terem a mesma voz da sua dor propagada na medida em que têm as vidas de familiares ou conhecidos ceifadas pela mesma negligência dos mesmos mandatários das agências e órgãos estatais.
Será que se um grupo de cidadãos se deitarem sobre os corredores de uma rodoviária para protestarem, terão a mesma repercussão, ou, ainda pior, não serão afugentados em seu direito legítimo?
Dor é dor e querer pintar uma imagem comparativa entre estas diversas formas pode até parecer insensato ou leviano. Corro o risco, sim, mas, deixo o meu registro de desconforto ao perceber o tratamento diferenciado que os formadores de opinião dão tal e qual acaso andem incólumes em máquinas voadoras ou ouçam dos seus empregados sobre as agruras de se comer poeira na estrada.
Um abraço e obrigado pelo espaço.