Senzalas do século 21
Diante das crises de todas as ordens pela qual estamos passando, violência, corrupção, desigualdade social, o sentimento de impotência, bem como os tormentos psíquicos são inevitáveis.
Somos hoje uma sociedade escravizada pelos dogmas sociais, uma expressão necessária e imposta de padrões financeiros, políticos, comportamentais.
A vida humana esta caindo num reducionismo ideológico, esta sendo formatada dentro de um contexto social que não abre espaço para a solidariedade, para a igualdade de direitos, as pessoas vivem dentro de uma perspectiva limitada da vida e de suas potencialidades, abandonando sonhos e ideais nobres. Vive-se um anarquismo ideológico, a elaboração falsa de conceitos, normas que são criadas a partir de interesses de uma minoria para enquadrar o sujeito dentro de um padrão, que ele acaba acreditando ser verdadeiro. A intolerância entre os homens, a violência, a indiferença diante do sofrimento alheio constituem a trilha sonora dos novos tempos, um sistema de castas mascarado, disfarçado.
Os falsos padrões ideológicos constituem as chibatadas que nos marcam a alma, o tronco do século XXI pode ser comparado à ignorância a qual a massa da sociedade foi relegada.
O mártir do novo século é a falta de conhecimento, o acesso a uma educação de qualidade que presenteie o Homem com uma formação digna, capaz de lançá-lo em um mundo melhor, um mundo onde a solidariedade e a compaixão não saiam de moda.
O homem da caverna era movido pelo impulso da sobrevivência, seu stress estava associado a manter-se vivo, a manter as chamas do fogo acessa para não ser devorados pelos animais durante a noite enquanto dormiam. O homem de hoje vive sob alerta, em estado de stress intenso, mas as feras e o fogo do século XXI são os padrões sociais escravizadores, muitas vezes inatingíveis.
Somente através do amor, da doação solidária de uma palavra, de um olhar ao outro, da consciência critica, é que será possível romper com as amarras das falsas ideologias comportamentais, sociais, psíquicas, herdadas de uma sociedade em transição, uma sociedade apática, carente de princípios éticos.
O homem não se reconhece mais, também não temos mais tempo para nada, vivemos escravizados, sonolentos em relação a nossa identidade. O auto-conhecimento profundo, o resgate da essência humana são as chaves que libertam o homem da prisão fria e suja da ignorância e do conformismo.
Vivemos hoje em um baile a fantasia, mascarados, não se sabe mais quem é quem, estamos perdidos sem saber em quem acreditar, a indiferença social ganha força entre as massas, o egoísmo e a normose foram despejadas nas caixas de água das pessoas. A fome é normal, a violência, a desigualdade social assustadora é normal, tudo ficou normal.
Um exemplo típico para elucidar a questão da normose, hoje o sujeito que acha uma carteira de dinheiro na rua e devolve ao dono e considerado um santo, vira noticia, mas ele não fez mais do que sua obrigação de devolvê-la, mas como roubar é o normal, fazer o certo é que não é mais normal em nossa sociedade.
É necessário trabalhar em uma reforma social profunda, onde sejam priorizados valores como a ética, o comprometimento com todo, e não com as pequenas partes. A educação é o caminho promissor através do qual as crianças terão a possibilidade de desenvolver suas capacidades emocionais e intelectuais satisfatoriamente, para compor com seriedade o contexto econômico do País. Vamos acender uma chama em nossos corações, acreditando que é possível a construção de uma sociedade mais justa, acreditar que os pais retomarão com seriedade a educação de seus filhos e, que a Escola será um lugar bonito, um lugar que abra as portas para um novo mundo. Para finalizar, lembremos sempre que para trilharmos esse novo caminho, o da reforma política, social, da reforma intima é preciso calçar os sapatos do amor e da coragem, pois eles constituem o timoneiro do navio dos novos tempos.