DISTIMIA - O MAL DO HUMOR

Durante o meu curso de medicina, apenas "ouvimos falar" sobre a Distimia, pois as clínicas não tinham pacientes com este diagnóstico para nos mostrar. Impressionou-me a descrição e fiquei atento no consultório.

Vi gente mal humorada fruto de neuroses e psicoses diagnosticadas, mas meu primeiro cliente com Distimia surgiu alguns anos depois. Algum tempo pequeno depois e o número de clientes distímicos crescia assustadoramente.

À medida que trabalhávamos, víamos que o conceito dos livros não era muito realista, pois diziam que os distímicos eram capazes de cumprir com suas tarefas sem grandes dificuldades e muitas vezes passavam desapercebidos.

Nunca concordei com isto, pois mesmo os operosos criavam à sua volta um clima tão hostil e improdutivo, gerando muito estresse e depressão nos parentes, colegas de trabalho e subalternos. Alguns chegam a praticar a agressão física.

Os que tentam passar desapercebidos, fazem exatamente o contrário, aborrecem os presentes com sua atitude e com seu rosto sempre fechado.

O quadro clínico é caracterizado por uma depressão do humor muito duradoura, que pode variar de um quadro leve ao grave; começa geralmente no início da vida adulta e dura pelo menos alguns anos, muitas vezes por toda a vida. Quando o início ocorre bem mais tarde na vida, o transtorno é freqüentemente a conseqüência de um episódio depressivo diferente e associado à da ou a outro estresse óbvio.

O comportamento do distímico é pautado pelo mau humor perverso, cria-lhe sempre um estado de introversão julgadora, onde crê que as pessoas não merecem seu comentário, ou pelo contrário, são oponentes ou criticam a tudo que lhes é dito, sempre acrescentando um contra-ponto.

Algumas vezes têm um comportamento vingativo silencioso, fingindo não entender o que lhe é dito e se reinquirido, negam gostar ou querer pensar no assunto. Quando tentam alertá-lo para as conseqüências de seu comportamento, irritam-se ou fazem piadas, tentando exibir-se como um humor normal.

Suas frases são comedidas, as respostas costumam ser monossilábicas e negativistas.

Do ponto de vista psicológico, mas na maioria das vezes inconscientes, sentem uma extrema baixa estima e seu gesto significa: "Afastem-se de mim!"

Costumam ser religiosos rígidos, onde cobram, quando influentes, atitudes severas dos influenciados, mas seu mal humor busca escape em transgressões veladas.

Têm bom relacionamento com os deprimidos submissos, pois estes não demonstram seus sentimentos.

A inteligência está freqüentemente preservada, o que lhes dá muita agilidade no pensar.

O tratamento medicamentoso é via de regra abandonado e os que melhor resultados tem obtido, principalmente se associados com terapia cognitivo-comportamental, onde seus gestos são analisados e criam-se condições para que adquiram conhecimento, modificador dos comportamentos. O terapeuta tem que ser muito tolerante, sem submissão.

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Dr. Marcio Funghi de Salles Barbosa