Proposta de John McCain para Brasil, Índia e Rússia: uma estratégia geopolítica
O candidato do Partido Republicano à presidência dos Estados Unidos da América John McCain propôs, em discurso de campanha na noite de 26 de março de 2008, que Brasil e Índia deviam fazer parte do G-8 - instituição formada pelo grupo dos sete países mais ricos do mundo (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão, Reino Unido) mais a Rússia -, e que a Rússia deveria ser retirada do grupo. Os argumentos: “Brasil e Índia têm se mostrado como umas das maiores democracias do mundo, ao contrário da Rússia, que tem oprimido nações vizinhas em benefício próprio”.
John McCain não estava brincando nem sendo demagogo. Seu discurso foi um aviso claro para o mundo sobre qual será o teor de seu mandato, caso eleito: uma luta acirrada de fortalecimento das políticas americanas pelo globo. É mesmo pura estratégia geopolítica:
O Brasil é o centro político, geográfico e econômico da América do Sul, e deve ter o papel de representante, mediador de conflitos e líder político do continente. De tabela, fortalecer politicamente o Brasil a nível global é a via lógica no combate ao crescimento da esquerda extremista na América do Sul, e, se as ações dos esquerdistas radicais da América do Sul à nível internacional continuarem, não haja duvidas de que o Brasil será convidado até antes da Índia. Não é à toa que o presidente do Brasil é eventualmente convidado para participar como ouvinte das reuniões do G-8, e esses caras não apostam no azarão.
À Índia cabe o papel geopolítico de fechar o cerco contra a Rússia, entre a Europa e o Japão. Ora, mas se a idéia é fechar o cerco contra a Rússia por que não se propõe logo que a China entre no clube? Bem, a China não é o que se pode chamar de democracia e, assim como a Rússia, adota a linha dura de oprimir seus vizinhos e impedí-los de serem livres e se legitimarem em países independentes de seu gigante pós-comunista. Como se pode notar, China e Rússia adotam políticas semelhantes, mas a diferença é que a China pode acabar cedendo ao modo democrático de governar, então ela fica como candidata ao clube para um futuro distante. Por sua vez, McCain acredita que a Rússia se mostrou intratável, e irremediável; e por isso o excluí-la.
Isolar a Rússia e dobrá-la pelo cansaço, eis a estratégia de McCain. Já vimos isso acontecer antes e vimos no que deu. Pois é, ouvir McCain propor que a Rússia deve ser excluída do clube automaticamente me transportou para duas palavras: “Guerra Fria”. Isolar a Rússia foi a estratégia geopolítica mais eficaz para se vencer este que é o território unificado mais extenso que se liga à Ásia, à Europa e ao Oriente Médio. Vencer a Rússia em um confronto direto mostrou-se impossível, que o digam Napoleão ou Hitler. Os Estados Unidos, muito sabidos, concluiram que a melhor estratégia para se vencer um inimigo desses é isolá-lo do resto do mundo, fazendo com que seu território de influência, isto é, as nações que o cercam se tornem influenciadas pelo oponente, no caso, os Estados Unidos. Essa foi a estratégia estadunidense na Guerra Fria, e parece ser a estratégia militar desta sombra de Bush, John McCain.
Já a Europa pensa diferente dos Estados Unidos e não deseja isolar a Rússia. Os europeus não acham uma boa idéia criar caso com um gigante geopolítico como a Rússia, mesmo ela se mostrando um país que pareceu fracassar gigantemente tanto para o comunismo quanto para o capitalismo. Por isso, apesar de tudo, a Rússia faz parte do G-8. Minha opinião: e vai continuar fazendo parte. Enquanto isso, Brasil e Índia têm maiores chances de entrarem para o clube em um futuro próximo.
Brasil e Índia, dois países emergentes convidados para entrar no “Country Club” da nata da nata, que parecia fechado enquanto houvesse capitalismo... À parte que nos cabe, creio que faremos um ótimo negócio. Afinal, é mesmo uma questão de negócios.