A ARTE DE COMPRAR
Esse meu título até pode parecer esquisito, mas acreditem, o ato de comprar...eu o considero uma arte.
Embora aqui caiba uma longa discussão sobre a questão cultural, hoje vejo claramente que nós , pais, somos de fundamental importância na "aculturação " financeira dos nossos pimpolhos, todos eles potenciais gastadores compulsivos...a princípio.
Sei que existem alguns livros que versam sobre o assunto, nunca os li, juro!, portanto aqui não plageio nenhum pensamento, apenas manifesto uma opinião própria após a também arte de observar o que sucede no tempo.
Lembro-me de algumas passagens de minha filhota quando era pequenina, aos quatro aninhos de idade:
-Mamãe, quero isso!
-Hoje não filhinha , você não precisa "disso" hoje, e a mamãe está sem dinheiro.
-Ah mamãe, então usa o cheque...
-A mamãe está sem cheque também!
-Então está "resolvido" mamãe...usa o cartão!
Olha, não estou brincando e eu nunca mais me esqueci daquela passagem persuasiva.
Parei para analisar e cheguei à conclusão que ela, a minha filhota, achava que o cartão era mágico.E naquela altura de vida, não saberia entender que cartão tem limite, aliás como tuda na vida, principalmente na vida das crianças.
Mais a frente, certa vez dentro dum supermercado, encontramos com um amiguinho da escola, e ambos resolveram ajudar as mães nas compras.
-Mamãe o que você quer que a gente compre?
-Vão pesquisar um vidro de azeitonas, ok?- respondi.
E foi assim que guardei mais um ocorrido interessante.
Ambos saíram a cata da minha encomenda, quando de relance, vi o amiguinho perguntando a ela:
-Olha, será que esse aqui tá bom?
Ela que tinha nas mãos um outro vidro , comparando rapidamente os preços e as miligramagens, lhe respondeu:
-Não, esse aqui está melhor.Custa menos e tem mais azeitonas...
Fiquei paralisada. E fui checar.E não é que era verdade?
Foi aí que percebi que aos poucos, às custas do exemplo, porque várias vezes mostrava isso a ela, nela fui formando uma consciência de consumidor mais exigente.Não de avareza, longe disso.É preciso ensinar as crianças e futuros adultos a lidarem sadiamente com o dinheiro, que aliás, ao menos o meu, NUNCA deu em árvore.
E agora na vida adulta da minha filha, já vejo o resultado, e é claro que vejo meus erros também , não apenas acertos.
Mas o ato de comprar realmente requer uma consciência e uma certa habilidade artística!
Por exemplo, nos supermercados são comuns as ofertas, às vezes do que você não precisa, ou do que não é gênero de primeira necessidade.
E o consumidor embarca na idéia de que está fazendo um grande negócio...esvaziando a prateleira.
Muitas são as vezes nas quais a oferta é falsa.
Nós que somos donas de casa sabemos disso.
Já vi a cara de pau dum produto entrar em oferta por um preço MAIOR do que na semana anterior, simplesmente porque acompanho preços, e não costumo cair na primeira cilada...às vezes caio lá na terceira arapuca...porque são muitas.
Outra manobra interessante dos lojistas: Certa vez queria cerejas frescas, aquelas frutinhas vermelhinhas que esfoliam os bolsos, acho que numa antevéspera de NAtal.
Estavam exorbitantemente caras, então resisti.
Na manhã seguinte "horas" depois, estavam sendo vendidas por um quarto do preço, ou seja, setenta e cinco por cento mais baratas...
Então eu pergunto: De graça, ou a preço de custo, alguém vende? Ninguém nunca vende sem dividendos, ao que deduzo que somos roubados na cara dura!
Alguém já tinha pago o lucro estrondoso daquelas cerejinhas...
E agora a Páscoa se aproxima.
Nada mais justo do que os ovinhos de chocolate, afinal que não ama o tal do cacau? Difícil encontrar alguém que dispense um chocolate...
Mas percebo que a tática é a mesma.
Uma barra de chocolate de duzentos gramas da marca tal, custa trinta por cento do mesmo chocolate em formato de ovo!
Que coisa interessante...
E um dia depois da Páscoa, entopem as prateleiras com os ovos remanescentes...até não se aguentar mais vê-los rondando pela casa...
Aqui em São Paulo, estão caréssimos! E todos encalhados , é o que percebo!
Tem chocolate Nacional-(aliás o chocolate é originário Da América, bate lá fora e volta para cá)- com preços mais altos do que os já caros chocolates ditos "suíço", ou os das demais nacionalidades européias.
Então, deduzo que precisamos estar atentos principalmente com as crianças.
Educar, formar consciência de cidadania inclusive enquanto consumidor, é algo trabalhoso, despende energia e esforço dos pais.
Mas o resultado é promissor.
É o nosso comportamento frente à economia de mercado que dita as regras, e em última análise somos nós, consumidores conscientes, que definimos o preço a se pagar pela vida.
Em todos os sentidos.