Ler, eis a questão!

Há muito tempo nós, o povo brasileiro, somos rotulados como “não leitores”.

Tal afirmação, além de puramente verdadeira, serve como pano de fundo para nossas crises sociais e é, incondicionalmente, uma desculpa “esfarrapada” dos “muito ocupados”, conhecidos também pelas famosas frases “não tenho tempo”, ou então “é muito grande esse texto”. Talvez, ou certamente, o leitor esteja pensando consigo mesmo que se está tratando de um assunto desgastado, e por muitas vezes discutido. Não está errado, mas acredita-se que algo de aproveitável deste texto irá o leitor extrair.

Sabe-se, ou no mínimo se acredita, que é a partir da leitura que o indivíduo enriquece, não somente sua capacidade de escrever com qualidade como também dá bases sólidas ao discurso e promove mais segurança ao falar em público. Um exemplo do poder de um discurso bem alicerçado é o do ditador alemão Adolf Hitler, que com o poder da oratória e o conhecimento teórico de uma doutrina dominou uma nação. Hitler tratava a leitura como uma arte, e afirmava que ela consiste em “conservar o essencial e esquecer o dispensável”, e que “não deve ser vista como finalidade, mas sim como meio para alcançar uma finalidade”, em outras palavras, deve-se usar o hábito da leitura para alcançar parcelas de conhecimento, que posteriormente lhe trarão realizações, tanto materiais quanto espirituais. Mas deve-se aqui ressaltar que não se está dando crédito ao genocídio da campanha nazista, mas sim levantar um exemplo de que a leitura pode ter um poder inimaginável. Pense o leitor se ele tivesse usado sua influência de outra forma.

Que ler é bom, isso já é de conhecimento de todos (ou quase), mas o que se deve tomar cuidado diz respeito à qualidade das leituras. Em uma outra oportunidade usou-se uma citação que cabe muito bem aqui. Nela dizia que “é provável que poucas leituras, mais densas e bem acompanhadas, sirvam melhor à formação de leitores, do que à exposição de algum número de livros banais, iguaizinhos, sem maior emoção ou desafio (Campos, Souza), palavras essas que casam bem com algumas considerações de Schopenhauer (filósofo alemão, 1778-1860), que diz que o indivíduo que lê em demasia - leituras improdutivas - perde a capacidade de pensar por contra própria, como quem anda sempre a cavalo acaba esquecendo como se anda a pé, pois, uma condição para ler o bom é não ler o ruim, e “a vida é curta e o tempo e a energia são escassos”.

Leitura é um tema batido e rebatido, assim como as campanhas contra o álcool, as drogas, a AIDS... mas mesmo assim, com tanta gente falando de leitura, sobre leitura e a favor da leitura, o titulo de “não leitores” não sai se nossas costas, e o que mais indigna é saber que tantos têm oportunidade e acesso ao conhecimento via leitura e mesmo assim não fazem uso; em contrapartida, caminhando à margem desse quadro, um batalhão de “excluídos” marcha da estagnação à ignorância. Porém tal batalha encontra-se na situação de não se ter (ou não se querer buscar) meios para reverter o quadro, restando então a esperança (palavra perigosa), de que uma alvorada límpida e emoldurada de boas leituras apareça no horizonte. Vale a pena ler...e pensar sobre!

Gimi Ramos
Enviado por Gimi Ramos em 17/03/2008
Código do texto: T905478
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