“Nós” no Poder
Outra vez estamos vivendo a realidade política, especialmente porque neste ano a vez é dos edis e prefeitos municipais. Milhões e milhares de reais injetados na economia por causa da busca ou da manutenção do poder. O desejo de servir aos munícipes nem sempre está no foco principal, mas o brilho dos flashs do poder ou interesses pessoais ou empresariais correlatos ao mesmo. A nova velha história, a novela da vida real repetindo-se como uma dízima periódica, indefinidamente. Pessoas se vendendo, políticos de carreira corrompendo, assaltos descarados aos cofres públicos, empresas patrocinando os seus corruptíveis para as próximas licitações, etc,etc, etc.
Você pode estar perguntando: - De quem você fala, Fernando? E eu respondo dizendo que não falo dos políticos corruptos ou dos eleitores corruptíveis ou ainda dos empresários interessados e lesar os cofres públicos. Falo do silêncio dos que se dizem honestos, da passividade de todos nós os que nos indignamos e nos fechamos em redomas de interesse pessoal, tentando impedir que os efeitos malignos deste mundo corrupto possam nos tocar de alguma maneira. Nossa passividade é omissão e nossa omissão é pecaminosa, digo isto porque dizem por aí que quem se cala consente, permite, concorda subjetivamente com os fatos. Só que a omissão não deixa os efeitos do lado de fora, antes ao contrário, nos afetam tanto quanto aos demais.
Por isso uso este espaço para expressar indignação e reflexão. Por exemplo, sou evangélico, no entanto não me permito pensar que só a nominação cristã ou o estereótipo de uma ética estética, seja suficiente para me convencer da habilidade ou integridade de um candidato que se valha disto para eleger-se. Ótimo que seja evangélico ou cristão, imprescindível que seja capaz e íntegro.
A mania contraproducente de políticos sem cultura e sem escrúpulos, os quais abandonam os projetos anteriores ao seu mandato, estes já iniciados e abandonados por mera vaidade pessoal do recém eleito, chegar a dar asco em quem pensa. Gente que em nome da sua realidade de poder adquirido deixa estragar prédios, pontes, carros e outros bens que não são seus e não foram pagos pelo seu bolso, em nome da vaidade pessoal e da idiotice de não fazer algo só porque o gestor anterior, seu opositor iniciou.
Gente assim, que não tem altruísmo, deveria ser definitivamente banida do ambiente político nacional. Gente assim luta pelo seu nome, pela sua marca, pelo seu partido, desprezando uma parcela da sociedade significativa. Quem sabe resida aqui uma das razões nevrálgicas do atraso dos gestores municipais e nacionais? Isto sem falar na ausência da cultura e do conhecimento necessários ao trato administrativo e jurídico na atribuição dos edis e gestores públicos.
De alguma maneira, nesta perspectiva, em última análise, o único instrumento possível e passível de poder das pessoas em geral, ainda é o voto. Portanto, neste ano façamos o possível e o plausível no tocante ao valor do exercício da nossa cidadania, valorizando intensamente o ato de ir à urna e estabelecer aqueles que julgamos capazes e íntegros. Depois disto, podemos entender que somos todos co-responsáveis pela boa ou má gestão daqueles que elegemos como nossos representantes, porque em essência e em verdade, eles se tornaram “nós”, eu e você, no poder.