DA GRAMÁTICA DO PODER.
A você, NAZA BREEMAN, que traz, no
corpo e na alma, as marcas de um
poder absolutamente estúpido.
Todo pensar a partir da expectativa de poder (não importa em que nível) impõe, sem dúvida, dizeres de um só plano. Ou seja, o indivíduo tem de acreditar, digamos, em conceitos unívocos. A marca essencial, portanto, de sua gramática (poder) é manter semas através dos quais qualquer tentativa de análise crítica seja inviabilizada.
O tecido discursivo se fecha como se fosse possível cada signo conter uma definição precisa. Por esta razão é que a gramática de poder, uma vez estabelecidos os códigos, logo é alçada a instrumento eficaz de comando, ou melhor, de domínio. Ora, poder que é poder age e produz efeitos, daí as ameaças e as sanções. A ordem passa, mesmo sob táticas, técnicas e manobras, ser absolutamente crucial.
Aos dominados, restam três atitudes: a acomodação, o inconformismo e a resistência. Convém, antes de tudo, que estejamos conscientes de que o sentido é um fenômeno histórico, logo é construído, tem passado e se projeta num futuro. Não existe, assim, nada que seja proprietário privado do mesmo (sentido). Destarte, cada um de nós deve estar bem atento àquilo que podemos chamar de “espaços de manobras” de poder nos quais os dominados podem se iludir à vontade, inclusive inconformados e resistentes.
A saída para não nos tornarmos vítimas da linguagem de poder é buscarmos as brechas, as frestas e as fissuras que toda e qualquer imposição possui. A partir disto, não hesitemos em trapacear salutarmente produzindo efeitos de contra-sentidos vasculhando palavras e conceitos à procura de gestos semânticos profundos. Afinal, amigo, a gramática de poder é, adrede, silenciadora, isto é, ela diz para não deixar dizer.