Sem ética pode haver progresso?
Ética, palavra de sentido amplo, julgada como “ciência da moralidade”, tornou-se ferramenta defensora do bem-estar e justiça social para os gregos da antiguidade e desde então tem gerado o dever de sua prática entre todos os cidadãos contemporâneos.
Tendo como principal objeto de estudo a “moral”, falar sobre o que suscita/conseqüencia a ética, mediante o conglomerado de conceitos que socializamos uns para com os outros, soaria uma insensatez. Pois, afinal, o que regra a ética?
A ciência da moralidade visa efetivação de princípios pessoais e sociais. A lógica é: enxergar-se como a sociedade o vê (a partir de costumes demo psicológicos), para então equilibrar-se na dicotomia estabelecida entre fórum íntimo e alheio.
A ética jurídica, por exemplo, busca ação de efeito justo a todos através da lei no sentido amplo (lato senso). A ética individual, social, pretende e goza, respectivamente, do mesmo objeto (justiça) e efeito (bem-estar social), e decide entre o bem e o bem ou entre o mal e o mal partindo do melhor para si e para seu próximo.
O progresso tem como significante: “ato ou efeito de progredir, progressão, marcha para frente, conjunto de mudanças havidas no curso do tempo.” (FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda, 2001, p. 560), e ainda como: “desenvolvimento gradual de um ser, de uma atividade, de uma civilização, evolução.” (PRIBERAM, http://www.dicionarios.net/dlpo/definir_resultados.aspx).
Assim, em análise aos pensamentos aqui descritos, indaga-se: sem ética pode haver progresso?
Se, a ética busca a justiça como efeito de sua ação, e o progresso, tem como pressuposto fatores alargados no positivismo, como: racionalidade e ordem (ambos aplicados ao nosso ordenamento territorial e jurídico-social), à realização daquele, faz-se necessário atitudes éticas (com objeto “justiça”, com efeito, “bem-estar social”).
Por exemplo, se, a ordem proibisse reunião em praça pública (marcada e anuída antecipadamente conforme exigências legais) viria a contrariar: norma constitucional, consuetudinária. Nesse caso, a ordem seria imposta, todavia sem ética, evidenciando claramente a regressão às décadas de 60 à 80 – a vergonha que Chico Buarque vivenciou, poetizou, musicalizou. A ditadura é a prova de que a ordem imposta sem ética resulta em: morte, censura, asilo político, sofrimento. O que historicistas - contando sobre esta época - chamam de progresso, chamo, chamamos (creio) de: ilusão, política do “pão e circo”.
Concluindo, impondo-se a lei com prática da ética, objetiva-se “justiça para todos”, concretiza-se a ordem, entalha-se o ciclo positivista, que regurgita esse mar de auréolas percebido como utopia. Sem ética não há progresso.