Tempo de Reflexão II

TEMPO DE REFLEXÃO

A escola moderna se organizou objetivando atender às necessidades de uma sociedade que sofria mudanças significativas em seu ambiente sociocultural. A escola atual foi aderindo gradativamente a esse processo de transformações. É interessante lembrar, que muitas lutas foram travadas, muitos educadores deram valiosas contribuições nos vários momentos históricos, a exemplo de Paulo Freire, Comênio, John Dewey e outros. Homens que de fato, se colocaram à frente do seu tempo.

Retornando ao passado, podemos comprovar que data do século XVII, as bandeiras levantadas em favor da escola para todos, escola como instituição social. E, ainda hoje, a contribuição de Dewey na construção de políticas educacionais é muito marcante.Contudo, o sistema de ensino vigente tem podado de forma contundente o entusiasmo e o interesse dos profissionais em educação, que de alguma maneira e independente da capacidade de trabalho, dependem de outros fatores, fora da educação em si, para adquirirem o direito à sobrevivência.

Qual o papel do professor dentro desse contexto, em que o mundo, no século XXI vem vivendo? Aquecimento global, efeito estufa, buracos na camada de ozônio, degelo nos pólos, furacões, tufões, terremotos, maremotos, violência mil...Qual o papel do professor, diante das catástrofes provocadas pela educação passiva e alienatória? O momento atual é de profunda reflexão sobre a postura do homem no tocante a tarefa que lhe cabe exercer enquanto filhos de Deus e coadjuvantes da sua obra. O texto a seguir, trás uma crítica ao sistema educacional, ao tempo em que, conduz o professor (a) a repensar a sua participação e extrema importância na construção de um mundo melhor, mais consciente, igualitário, fraterno e cidadão.

Ë muito bonito, comum e aceitável dizer que o professor deve ser uma pessoa repleta de amor, compreensão, doação... Um ser capaz de realizar tarefas além de suas forças. Ser artista cômico para divertir os alunos, psicólogo para entender os conflitos, angústias e indisciplina dos educandos e o contexto social em que vivem; malabarista para sobreviver com um salário relativamente baixo; assíduo, pontual, amigo, sorridente, possuir boa aparência, estudar sempre e estar convencido de ser um verdadeiro agente transformador da realidade.

Entretanto, não é nada bonito, comum e aceitável, sobrecarregar o professor com tarefas que fogem à sua competência, deixando-o tantas vezes, sozinho, no deserto da escola. E, em determinados casos, correndo até riscos de vida por falta de segurança, haja vista, algumas unidades escolares estarem atualmente passando por dificuldades com relação ao índice cada vez mais crescente da violência. Fica na verdade, entregue ao destino solitário de lecionar, sem falar em alguns diretores que assumem concomitantemente, as funções de porteiros, faxineiros, merendeiros...

Para os docentes que se enquadra nessa situação, ensinar se tornou um verdadeiro martírio chegando à aposentadoria ser algo extremamente desejável, não só um direito adquirido, mas um prêmio pelos muitos anos de sacrifício e dedicação, sem a recompensa sequer de um acompanhamento pedagógico decente. No âmbito das relações de poder, com exceções, o clientelismo e mandonismo características próprias de um sistema político ultrapassado reinam soberanamente, permeando o corpo educacional, que sem reação, se submete a esse modelo arcaico de educar. E o professor, amigo, bonzinho, amoroso, agradecido, subserviente, sofredor, escravo da sobrevivência a qual mantém emudecida a sua voz diz sim, quando gostaria de dizer não. Um grande NÃO, aos pavões que se intitulam donos do saber e poder, capazes de decidirem sobre os destinos dos súditos da corte letrada, informatizada, epidêmica, desumana e por vezes, imoral... Para essa corte, é feio sim, incomum e inaceitável, o professor atuante, corajoso, intrépido, irreverente, capaz de lutar, falar, quebrar as amarras, produzir o novo, fazer a diferença, criar novos paradigmas. É feio sim, produzir uma nova história que sirva de exemplo para as novas gerações. Os verdadeiros sábios, os grandes homens e mulheres da Humanidade foram os que tiveram a petulância de abrir novo caminho por onde outros puderam e ainda hoje podem passar. A exemplo de Lutero, Gandy, Joana Arc, Maria Quitéria, Lincoln e Jesus Cristo. Que caiam as máscaras, fazendo surgir a Idade de Ouro nesse final de civilização em meio ao caos e ao lodo em que esse planeta vem se transformando por conta da ação do homem; que a educação seja de fato, uma estrela que brilhe, a flor de lótus em meio ao lamaçal composto por parte dos que a vêem como uma escada para a elevação do ego vazio de conhecimento real e cheio de frivolidades.