Parlamento do Pica Pau - O Falatório - Ser Amigo, Namorar, Ficar …
Ser Amigo, Namorar, Ficar …
Celebrou-se esta semana no Reino, o Dia dos Namorados, e não sendo nada de estranho ‘namorar’ o facto que até o namoro está em crise.
Apareceram novas fórmulas, novos formatos e novas vidas sociais, que relegaram para o final da lista de prioridades os compromissos que se estabelecem com o namoro, o noivado e o casamento!
No fundo acabamos inclusive por ter de estabelecer novos padrões nas leis, assumindo como compromissos os que nunca quiseram compromissos, e atribuindo regalias sociais a quem nunca se regeu pelas leis ditadas pela sociedade. É o caso das uniões de facto, que nunca sendo assumidas como tal pelos próprios, acabam depois em termos fiscais e de assistência, por ser requeridos pelos mesmos, alegando que têm um compromisso, que pelos anos faz lei, mas que nunca foi assumido por ambos!
Isto é coisa complicada mesmo! Às vezes somos mesmo assim, acordamos para complicar!
Nos dias de hoje, por incrível que pareça, namorar é considerado fora de moda. Começaram a aparecer relacionamentos bem mais frívolos e despreocupados que , para além de proporcionarem o conhecimento do outro, lhes permite maior liberdade e uma maior facilidade de querer ou não querer! Apareceu o "ficar" onde tudo parece muito mais fácil. Mas nem tudo fica mais fácil !
Nestes relacionamentos, as pessoas encontram-se, e atraem-se e acabam por mostrar a sua intimidade, sem que haja uma contrapartida de carinho ou compromisso que dê o toque de doçura à relação e ao momento! O “ficar” caracteriza-se pela ausência de compromisso, de limites e regras claramente estabelecidas, onde o que pode ou não pode é definido no momento em que o relacionamento acontece, de acordo com a vontade dos próprios “ficantes”. A duração do “ficar” varia no tempo de um único beijo, a noite toda, algumas semanas. Ligar no dia seguinte ou procurar o outro não é dever de nenhum dos envolvidos.
Ficar, acaba por torna-se atraente para muitas das pessoas que imaginam ser possível ter apenas o lado bom de namorar. Sem responsabilidades, justificações ou compromissos. A partir disso o hábito de ficar acaba por se substituir ao namoro, e a maioria das meninas prefere apenas trocar alguns carinhos a “encarar uma relação mais séria. O problema é que às vezes chega carência, uma vontade de ter alguém, e o que temos é algo tão volátil, que se vier um ventinho... desaparece!
A pessoa que “fica” constantemente dificilmente se envolve. Parece que o ficar não quer dizer sempre uma intenção de namoro, mas sim, uma atracção física entre duas pessoas.
Portanto, o ficar nada tem a ver com o namorar. Infelizmente, quando um jovem fala sobre "namoro", no sentido sério da palavra, torna-se, muitas vezes, alvo de piada e gozo, por parte dos colegas. Isso é um resultado (da distorção dos valores morais que se faz, principalmente pelos meios de comunicação). Os nossos jovens sofrem a influência da mídia que apregoa a sensualidade e a liberação dos impulsos, sem censuras como forma de actuação prazerosa e mais autêntica, mais satisfatória. Tal comportamento leva à promiscuidade sexual, com suas tristes consequências.
Na década de 60 , começou uma revolução sexual na Europa, enfatizando que homens e mulheres podiam desfrutar de direitos iguais, inclusive no "sexo livre". O que importava era a satisfação pessoal; a sensação do momento, sem a necessidade de qualquer ligação de sentimentos entre os parceiros. A queda, de lá para cá, foi vertiginosa e, assim, o namoro foi sendo deixado de lado e houve grande adesão ao ficar. Os jovens são pressionados a abandonar hábitos conservadores e a adoptar as práticas ditadas pela cultura social.
Embora, aparentemente, haja muitas vantagens no “ficar", as desvantagens, especialmente para a mulher, são inúmeras também. Entre elas, podemos mencionar o fato de que ela vai ficar mal vista, mal falada, vai estar sujeita a uma gravidez indesejada, enfim muitas são as tristezas.
Para complicar mais ainda, começaram ultimamente a surgir novas variações: o ‘ficar’ pontualmente, e o ‘ficar’ onde já há alguma intimidade! A linha entre o estar liberto e o existir algum compromisso fica ténue e começam a aparecer a partir daqui os problemas entre o estar a namorar ou não! Entre o assumir o compromisso ou manter uma relação que vive entre o mágico e o desconforto de ser descartável a qualquer momento em que se exija uma relação mais sólida!
E é importante que a mulher se lembre de que não é um objecto descartável: usado agora, deitado fora depois, e que o ‘ficar’ acaba normalmente mal para o mesmo lado, o da mulher!
Apurados os factos fica a discussão lançada no Parlamento sobre o tema! Serão legislados os novos trâmites legais sobre este assunto, após a discussão pública e opiniões dos reverendíssimos Deputados!
Referências de ideias e leituras de:
- Katia Cristina Horpaczky
- Sylvia Oliveira Nocetti
- Kélzia Jaqueline
Carimbado e Assinado,
Quadrado da Hipotenusa
19/2/2008