A escrita e a interpretação de textos na elaboração do trabalho de conclusão de curso (II)
Prof. Edson Gonçalves Ferreira (Ms)
Para aprender, de fato, a ler e a escrever, precisamos notar que existem muitos aspectos a serem considerados. Primeiro, precisamos considerar que a fala acontece no ato da realização dos acontecimentos, geralmente e, portanto, o interlocutor está presente, co-interferindo. A escrita já pressupõe que o leitor deva conhecer algo que lhe possibilite a decodificação do texto. Ela acontece distante do acontecimento e, mesmo quando dentro do acontecimento, tem uma estrutura diferente, totalmente diferente.
Assim, é necessário lembrar que existe uma gama de significações implícitas, muito mais sutis, diretamente ligadas à intencionalidade do emissor. O texto nos remete ao engajamento do autor/leitor com relação aos enunciados que produz, à maneira, enfim, como representa a si mesmo ao outro e ao mundo por meio da linguagem.
Desse modo, a atividade de interpretação do texto deve sempre se fundar na suposição de que o emissor tem determinadas intenções e, nesse aspecto, todo mundo deve conhecer as funções da linguagem (referencial, emotiva, metalinguística, poética, fática, apelativa), de antemão, perceber que uma decodificação adequada exige justamente a captação dessas intenções por parte de quem lê: é preciso compreender-se o QUERER DIZER com um QUERER FAZER.
Embora os textos de conclusão de curso privilegiem a objetividade, por maior que ela seja, haverá uma certa subjetividade, porque cada texto abre a perspectiva de uma multiplicidade de interpretações ou leituras. Assim, precisamos estar preparados para ver as marcas lingüísticas (datação, simbologia, tempos e modos verbais, entonação, redundâncias intencionais, etc) que são pistas para uma decodificação adequada.
Tanto o professor quanto o aluno têm que estarem preparados para dar conta do universo da escrita seja ela literária ou científica. A primeira pressupõe um grau de subjetividade maior e, nesse sentido, é bom lembrar que o termo subjetividade só foi incorporado pelas academias no século XVIII, uma vez que a escrita científica, como o projeto, o artigo científico, a monografia, a dissertação e a tese de doutorado exigem uma objetividade maior.
Talvez aqui seria bom colocar que, para fundamentação de um bom trabalho de conclusão de curso, antes de iniciá-lo, temos que escolher um tema, delimitando-o e, depois, começar a seleção dos livros que servirão como suporte para a nossa pesquisa e, ao iniciar as leituras, precisamos nos lembrar das famosas fichas de livros para que, depois, não precisemos voltar aos livros, procurando dados para corroborar nossas afirmações.
Nesse aspecto, finalmente, é fundamental lembrar que, quanto mais lemos um texto, mais significados absorvemos e, aos poucos, vamos reconstruindo o texto e, por outro lado, vamos reconstruindo-o até que possamos recriá-lo e, por assim dizer, tornarmos o seu co-autor.E, por outro lado, aumentaremos o domínio da língua-padrão que melhora a nossa integração com a história da arte, da cultura e da civilização moderna.
Divinópolis, 28.02.08