A escrita e a interpretação de textos na elaboração do trabalho de conclusão de curso (I)
Prof. Edson Gonçalves Ferreira (Ms)
É preciso, em primeiro lugar, considerar que não existe uma língua única, por exemplo: uma língua portuguesa. Existem vários dialetos e um dialeto privilegiado que é a Norma Culta que, no nosso caso, é o objeto central para escrevermos nossos artigos, monografias, dissertações.
Por outro lado, há uma diferença notável entre fala, que é basicamente improvisada quando não se está numa situação estritamente formal, como na defesa de uma monografia e a escrita que é o princípio rígido da organização formal. E, inclusive, é importante lembrar que a fala varia de nível social, de região, de profissão, etc.
A escrita, recordemos, veio para ficar e é, até hoje, arma poderosíssima nas mãos de quem a domina. A escrita sempre foi muito vigiada e, inclusive, muitos foram parar na fogueira da Inquisição por escreverem o que não era permitido.
Com a invenção da imprensa e, depois, a explosão da mídia, a escrita se popularizou. Aliás, estudiosos afirmam que a democratização do ensino é necessário. O que nos preocupa não é a democratização, mas a falta de compromisso tanto das autoridades, do corpo docente que, infelizmente, reflete no corpo discente, uma vez que os nossos alunos têm chegado ao ensino superior sem saber ler e escrever, como deviam.
Assim sendo, continuamos “vigiados” e, se voltássemos no tempo, o primeiro homem que esculpiu a primeira letra na pedra, hoje teria de ir para a escola para aprender gramática, como se grafa corretamente as palavras. Não há como negar, existem normas que devem ser cumpridas, porque a língua é, também, fato de unidade nacional. Não podemos ignorar essas regras, mas podemos fazer com que os nossos alunos aprendam, lendo, lendo e lendo mais. Se tivermos amor mesmo por nossa profissão.
Além da correção ortográfica e gramatical, três aspectos importantes diferenciam a escrita da fala e são vitais para que um bom texto apareça:
1. a unidade temática
2. a organização dos parágrafos
3. a estrutura da sentença
Para escrever bem, é fundamental -- insistimos no assunto -- que tenhamos o hábito de ler muito, porque toda leitura traz conhecimento e, assim, será mais fácil produzir um texto, pois teremos dados que, intencionalmente ou não, farão aparecer o fenômeno da intertextualidade e, por outro lado, as funções de linguagem já citadas.
Para escrever bem, torna-se necessário ser um bom leitor e, ainda, ter certo conhecimento da Norma Culta, porque ela constitui segundo Gnerre “O arame farpado que impede a ascensão social”.
Precisamos, então, aprender a ler muito e não só ler, mas ler e apreender a significação profunda dos textos, aprimorando-nos na capacidade de reconstruí-los e reinventá-los.
Divinópolis, 28.02.08