Corsan - Odioso monopõlio

No Rio Grande todos conhecem os maus serviços da CORSAN (Companhia Riograndense de Saneamento). Quando não é uma água de má qualidade em coloração ou gosto, são os freqüentes e inexplicáveis cortes no fornecimento do precioso líquido. Ainda há que se considerar as falhas no saneamento básico e os buracos que resultam dos consertos do esgoto ou fugas d´água. A água, sabemos por definição escolar, é um líquido insípido, inodoro e incolor, propriedades que nem sempre são encontradas na água distribuída por aquela companhia.

Esse fato é incontestável na medida em que se vê residências e empresas comprando garrafões de água mineral para beber, uma vez que a “água oficial” é de baixa qualidade. Cidades como Porto Alegre, Pelotas e outras, onde a água é gerenciada pela municipalidade, o produto é mais salutar e palatável, ao contrário do que se verifica na maior parte do estado. Em função desse desserviço, o recurso das pessoas é apelar para a perfuração de poços artesianos, onde a água extraída do subsolo é farta, clara, límpida, higiênica e destituída de maus odores. Há tempos, por causa dessas seqüelas, vários edifícios de Canoas resolveram buscar água no subsolo.

Ora, a perfuração de um poço artesiano custa no mínimo R$ 15 mil, mas fornece água de boa qualidade para a vida toda. No revés, a conta mensal da CORSAN, pelo fornecimento de uma água vagabunda, fica por volta de R$ 1.800,00. A opção dos prédios visava economia e salubridade. Quando sentiu suas vultosas receitas diminuídas pelos que aderiram aos artesianos, o que fez a estatal? Invocou um odioso argumento, baseado não sei se em lei, regulamento ou estatuto de escola de samba, proibindo que os condomínios usassem seus poços artesianos e voltassem a consumir aquele desastre da água encanada pela autarquia. É como tirar a ração dos pintos e fazê-los comer as cocorocas do galinheiro. Esta é a comparação que melhor me apareceu entre a água oficial e a oriunda dos poços. Não é um desaforo?

O cidadão não poder ter um poço em sua propriedade, sendo obrigado a consumir um produto de qualidade inferior. A CORSAN no manuseio das técnicas usuais de seus burocratas, ameaça com multas, lacramento dos poços e coisas do gênero autoritário. É como o cara que não “come” e atrapalha os que estão comendo. O mais grotesco de toda essa pantomima é que a construção de um poço artesiano é um ato público.

Durante três meses, mais ou menos, a perfuradora esteve ali na calçada procurando o lençol freático. Passaram por ali fiscais e outros aspones da concessionária, sem que ninguém se manifestasse ou censurasse. Depois de pronto o oneroso serviço, aí eles apareceram cheios de autoridade e embasamento legal, dispostos a acabar com a alegria do consumidor tão mal atendido por eles.

Para “lacrar” o poço eles assaltam o usuário com R$ 3 mil de “taxa”. Aí cabem cautelares e pedidos de indenização. Não sei se é uma lei que rege essa matéria, mas é injusta, imoral, e precisa ser derrogada.

Filósofo e escritor

Antônio Mesquita Galvão
Enviado por Antônio Mesquita Galvão em 27/02/2008
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