Parlamento do Pica Pau - O Falatório - O Ponto Acomodador, Quando o Homem é uma Ilha
O Ponto Acomodador, Quando o Homem é uma Ilha
Têm surgido nos discursos do Parlamento algumas formas verbais pouco correctas, que nos levam à meditação sobre o comportamento dos Deputados e sobre uma cada vez maior auto-suficiência dos Deputados em detrimento da discussão e obtenção de convicções ditadas pela observância das opiniões dos outros, e das suas acções na sociedade, e não pelo ponto de vista acomodador e de auto-valorização baseado apenas nos novos exemplos que vêm surgindo…os Self Made Man ( ou Women ).
Os exemplos foram trazidos pelo nosso Agente 042, na observação do comportamento de alguns deputados, bem como nas diligências efectuadas pela Deputada Xique ( por falar nisso... alguém a viu? ), que nos projectos da Pica Pau Consulting tem notado uma inércia e uma falta de criatividade que não são bom exemplo para os súbditos de Pica Pau.
Porque é que no mais trivial comentário sobre uma qualquer temática, em vez de prestarmos atenção ao outro, preferimos discriminar, marcando a ferro e fogo o flanco alheio com um rótulo invisível e ao mesmo tempo tão evidente?
Afinal qual é a verdade de cada pessoa, daquelas que me rodeiam numa casa ? Nem sempre se diz o que se pensa, por variadas razões, e o que acontece connosco, acontece com os outros! Acabamos por manter um ‘convívio’ virtual de bom relacionamento, onde se escamoteiam as questões mais escuras e problemáticas, e que aos poucos vão minando a confiança.
Outra das perplexidades adultas é por que nos perdemos tanto? Porquê tantos encontros amigos ou amorosos, e mesmo profissionais, começam com entusiasmo e de repente, ou lenta e insidiosamente, se transformam em objecto de indiferença, irritação ou até mesmo crueldade?
Ninguém se casa, tem filho, assume um trabalho querendo que seja tudo um grande erro, querendo falhar ou ser triturado. Quantas vezes, porém, depois de algum tempo trilhamos uma estrada de desencanto e rancor? Isso acaba com a confiança em nós próprios, com a nossa capacidade de acreditar que são possíveis os nossos sonhos, e com a nossa força de vontade em ir mais além. Acabamos por nos acomodar, um pouco na mediocridade, ou no suficiente, quando quantas vezes teríamos condições para obter o bom!
Depois surgem as nossas defesas para alimentar o ego, e para justificar a nossa acomodação; no mais trivial comentário, em vez de prestar atenção ao outro, preferimos rotular, discriminando, marcando a ferro e fogo o flanco alheio com um rótulo invisível e ao mesmo tempo tão evidente? "Burro", "arrogante", "falso", "preguiçoso", "mentiroso", "omisso", "desleal", "vulgar", “mudou de opinião”, “fez tudo errado” ? Muitas vezes, humilhamos logo de saída, demonstrando os nossos preconceitos sem nos envergonharmos deles, pois nem damos conta, que do outro lado está uma pessoa que está de boa fé, e a lutar para que o projecto tenha futuro!
O mais assustador e desmotivador dos comentários é o que recrimina lá do cimo do púlpito, do tipo, “Eu bem disse que não era assim! Ou não fez como eu disse, deu tudo errado!”.
Parece que não convivemos com pessoas, convivemos com imagens construídas pela nossa falta de generosidade, e pela nossa cegueira em ver o outro como um ser humano com ideais e que luta como nós para ser feliz!
Perguntei a uma amiga pelo seu colega: "Aquele? Cada vez mais gordo!" Mas talvez eu quisesse saber se ele estava empregado, se estava contente, se tinha falado com ele…
E nossa amiga comum? "Ah, essa? Irreconhecível, deve ter feito a milésima plástica na cara, mas os peitos estão um horror de caídos!" Não me disse se a mulher de quem falávamos se recuperara da viuvez, se estava deprimida ou já superara o trauma, se parecia serena ou aflita. Parece que invariavelmente acordamos com raiva de tudo e de todos. "Sujeito metido a besta", "professor ultrapassado", "alunos medíocres", "cantor desafinado", "empresário falido", “louco desmiolado”!
Não vemos gente ao nosso redor. Vemos etiquetas. É difícil, assim, sentir-se acompanhado; difícil, dessa forma, amar e ser estimado. Vivemos como se estivéssemos isolados, estagnados, com o olhar rápido e superficial, o julgamento à mão, armado: "um idiota", "um fracassado".
Não admira que sintamos medo, solidão, raiva mesmo que imprecisa, nem sabemos do quê ou de quem. Atacamos antes que nos ataquem, o outro é sempre uma ameaça, não uma possibilidade de amor, afecto ou alegria.
Segundo as práticas mágicas dos feiticeiros no Norte do México, existe sempre um evento em nossas vidas que é responsável por estes factos, e pelo fato de termos parado de progredir. Um trauma, uma derrota especialmente amarga, uma desilusão amorosa, até mesmo uma vitória que não entendemos , faz com que nos acovardemos, e não sigamos adiante. O feiticeiro, no processo de crescimento da sua conexão com os poderes ocultos, precisa primeiro de se livrar deste "ponto acomodador", e para isso tem que rever sua vida, e descobrir onde está.
Porque, diz a história que nos foi contada, num determinando momento de nossas vidas "chegamos ao nosso limite". Não devemos mais mudar. Não conseguimos mais crescer. Tanto a profissão como o amor atingiram seu ponto ideal, e é melhor deixar tudo como está. Verdade? A verdade é a seguinte, sempre podemos ir mais longe. Amar mais, viver mais, arriscar mais.
Nunca a imobilidade é a melhor solução. Porque tudo à nossa volta muda (inclusive o amor) e precisamos acompanhar este ritmo.
Será todo homem será uma ilha? Estaremos estagnados no nosso Ponto acomodador?
Ideias e informações obtidas em publicações de Lya Luft e Paulo Coelho.
Carimbado e Assinado,
Quadrado da Hipotenusa
10/2/2008