O FIM DE UMA ERA
A renúncia de Fidel Castro ao poder em Cuba representa o fim de uma era não só para o povo cubano como também para a esquerda mundial. Embora Cuba tenha uma importância insignificativa no cenário econômico mundial, politicamente tem um papel relevante, pois representa há décadas uma afronta ao poderio econômico-militar-político dos EUA. É como deixar o inimigo morar embaixo das próprias barbas. Aliás, não por acaso que pelo menos seis presidentes americanos tentaram sem sucesso derrubar Fidel Castro.
A renúncia de Fidel não representa, como alguns podem pensar, uma vitória para os EUA; pelo
contrário, Fidel não foi deposto. Deixou o poder quando quis, devido à idade avançada e por problemas de saúde. Os EUA não tiveram nada com isso, até porque as coisas não vão mudar da noite para o dia. Certamente não acontecerá com Cuba o que aconteceu com os países do leste europeu, nem o que aconteceu com a China, onde as transformações econômicas foram rápidas e profundas, mas as instituições políticas permaneceram praticamente intocáveis. Em cuba a força do partido, a capacidade do comandante da não tem a mesma força que na China. No entanto, as mudanças devem ocorrer gradativamente, mais por pressão dos aliados (Brasil, Venezuela, China) do que dos opositores.
Independentemente do que vier a ocorrer, de uma coisa podemos ter certeza: a saída de Fidel marca o fim da aventura comunista. Os livros de história no futuro registrarão este momento como o fim definitivo de uma era, como o último bastião, o último laço que ligava o presente ao século passado. Falar de comunismo agora é como falar das grandes colonizações, das grandes navegações, no mercantilismo, do iluminismo. São apenas águas passadas.
Bem ou mal, estamos vivendo uma nova era, onde o capitalismo triunfou – embora o socialismo o tenha obrigado a se humanizar – e, com o advento da globalização, da tecnologia e dos meios de comunicação, tenha transformado os Estados em mero fantoches, em instrumentos para especulação financeira enquanto a maioria da população continua a acreditar em um Estado soberano, em uma pátria livre. Ah, quanta ingenuidade!