A RELIGIÃO DO AMOR
Quando um religioso me diz: "Jesus te ama", eu, educadamente, respondo: "Isto eu sei". E em seguida, pergunto: "E você?"
Tantas igrejas cristãs, tantas denominações, tantas formas de interpretação... e cristãos se dividindo, divergindo, brigando e até se matando entre si, quando não são com judeus ou com muçulmanos esses conflitos. (Cristo estará dividido?)
Já outros igualmente cristãos, mais espertos, transformando a sua religião em comércio...
Como tem fariseus e falsos profetas nos dias atuais! Como multiplicaram esses religiosos!
Tantas igrejas diferentes o que demonstra ignorar-se a existência apenas de uma única e verdadeira igreja. Aquela que poucos a acolheram: a Igreja do próprio Cristo.
Sim, Jesus tinha a sua Igreja. Como não? Passou a sua vida inteira a nos falar sobre ela e agir segundo ela. Podemos chamá-la simplesmente Igreja do Amor, embora o filho de Deus não lhe tenha dado nem este, nem nenhum outro nome. Porém, se quisermos identificá-la, não existe outra denominação melhor. Esta Igreja não se divide, não prega a desunião entre quem quer que seja e nem explora ninguém. Infelizmente sabemos o quanto ela é assim desconhecida, porque a maioria dos que se dizem cristãos, estando cega por outras doutrinas, não a enxenga (2 Cor 4:4) (Isa 6:9 até 10). Esses religiosos são os mesmos a quem Jesus, usando as palavras de Isaias, disse a respeito: "Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim. Vão é o culto que me prestam, pois o que ensinam, não são mais que preceitos humanos" (Mar 7:6).
Todavia até mesmo os que reconhecem a prática do Amor como verdadeira religião, acham difícil exercê-la. Porque para isso não basta usar palavras; tem que haver atitudes, realizações de um amor incondicional: é necessário amar até aos inimigos. E a forma de evangelizar não é simplesmente apontando para o exemplo de Cristo mas, principalmente, o imitando.
O princípio do cristianismo é: "Amai ao teu próximo como a ti mesmo". Fora disso, qualquer adoração a Deus é vã (João 15:l2).
Deus, como Pai, sente-se feliz em ver a união dos seus filhos, muito mais do que pela simples adoração que se presta a Ele. Aliás, a melhor forma de venerá-lo, é amando ao seu semelhante. O verdadeiro cristão é, antes de tudo, um amigo, um irmão, um ser generoso, sincero, humilde e solidário, pronto a perdoar e a auxiliar ao outro em qualquer circunstância. O amor ao seu semelhante está acima de tudo, até mesmo da sua crença. Afinal, seremos julgados não pela fé que professamos, mas pelo amor que praticamos ou deixamos de praticar. Assim diz a palavra de Deus. É só pesquisar a Bíblia.
No grande Dia do Julgamento o senhor não nos perguntará qual é a nossa fé, a nossa crença. Não deverá nem mesmo indagar se acreditávamos nEle. Os olhos divinos estarão sobre o nosso coração. Para o nosso Deus, o homem simples, generoso e solidário, este é o único dígno da herança divina (Mat 25:31 até 40), (Gal 6:12).
Declarou Jesus em Mat 7:21: "Nem todo aquele que me diz Senhor, Senhor, entrará no Reino dos Céus. Só entrará aquele que põe em prática a vontade do meu Pai". E qual é essa vontade? Já nos revelava o profeta Isaias no cap. 58:7: Que sejamos unidos, solícitos uns para com os outros, principalmente com os mais necessitados. "No dia do Juízo - disse-nos Jesus - muitos me dirão: Senhor, Senhor, não foi em teu nome que profetizamos? Não foi em teu nome que expulsamos demônios? E não foi em teu nome que fizemos milagres? Então, eu vou declarar a eles: jamais conheci vocês. Afastem-se de mim malfeitores" (Mat 7:21-23). Parece Jesus querendo também dizer: "Não vi o amor em vocês" (Mat 25:41 até 44). Aliás, como pregou o apóstolo Paulo: "Ainda que eu tivesse toda fé, a ponto de transportar montanhas, se não tivesse amor, eu nada seria" (1 Cor 13:2). Em outro lugar ele diz, também: "Carreguem os fardos uns dos outros, e assim vocês estarão cumprindo a Lei de Cristo" (Gal 6:2). Em Romanos 13:8 e 9, afirma novamente: "Quem ama o seu próximo tem cumprido a Lei". O apóstolo João também observou: "Aquele que diz que ama a Deus e não ama o seu irmão, é mentiroso" (João 4:20). E o próprio Cristo declarou que se conhecerá os seus seguidores por aqueles que se amarem mutuamente (João 13:34). Até o precursor de Jesus Cristo, João Batista já mostrava que o único caminho para o Reino, era o amor. Dizia ele ao povo: "Se quiserem ser salvos produzam frutos que demonstrem a verdadeira conversão". E as pessoas lhe perguntavam: "Que devemos então fazer?" João aí lhes respondia: "Aquele que tem duas túnicas reparta com aquela que não tem; e o que tem alimentos, faça o mesmo" (Luc 3:8-10).
Portanto, prefaseando Tiago 1:27, posso dizer: religião cristã pura e verdadeira é esta: a que pratica e ensina o amor com o seu próprio exemplo. E não simplesmente apenas apontando para o exemplo de Cristo. Temos que ser generosos, solidários, sabendo repartir com o outro, porque esses são os sacrifícios que verdadeiramente agradam a Deus (Heb 13:16).
Deus é Amor. E a religião dos seus filhos deve ser, também.