Aconteceu comigo

VIVENDO SOB A ÉGIDE DO MEDO

Hoje, eu e minha família fomos vítimas de uma violência absurda que virou moda no Rio de Janeiro. Uma violência psicológica que nos faz reféns do medo.

Tudo começou, porque o telefone fixo da casa da minha irmã estava com defeito e, desde ontem, ela ligava para minha casa do orelhão. Hoje pela manhã, minha mãe atendeu uma ligação a cobrar pensando que fosse ela. Do outro lado da linha uma mulher chorava e tentava falar alguma coisa, sem conseguir.

Minha mãe perguntou: - Fulana é você? O que aconteceu?

Foi o bastante para o marginal pegar o telefone e começar a falar as maiores barbaridades. Ela passou o telefone pra mim e comecei a conversar com o cara. Por incrível que pareça ele falou educadamente, sem usar gírias ou cometer erros de português. Não demorou muito, para percebermos que, graças a Deus, era apenas um trote e que a história, de estar com a minha irmã como refém depois de um tiroteio com a polícia, era apenas mentira.

Essa não é a primeira vez que sofremos esse tipo de violência. Meu pai já havia recebido duas ligações antes disso, em outro telefone. Outros amigos, também já passaram pela mesma situação. Esse golpe tem feito várias vítimas. Não apenas financeiras, mas na maioria dos casos psicológica. Tudo o que eles fazem, através do telefone, é ameaçar você. Todas as ameaças ficam na ordem do possível: “Eu posso matar a sua irmã!” – Ele dizia. “ Ela está em minhas mãos!”

Porém, imaginar que um irmão, um filho, um parente está sendo maltratado ou até morto é um dos pesadelos mais terríveis que existe. Sentimos-nos impotentes ao ouvir todas aquelas atrocidades. O pior é que a fórmula é simples: uma ligação a cobrar para um número aleatório, uma conversa ameaçadora e intimidatória exigindo o resgate de uma pessoa da sua família. O que fazer?

DESLIGAR O TELEFONE e entrar em contato o mais rápido possível com a pessoa que, possivelmente, corre risco de vida.

Depois disso, a única coisa a ser feita é marcar a data e a hora do telefonema e, com a conta do telefone em mãos, ir até a delegacia mais próxima fazer a denúncia. Ao fazer a denúncia, se preferir, não precisa se identificar.

Como podemos ver, infelizmente, esse golpe se consolidou. E, como disse, tem feito inúmeras vítimas que passam a viver uma realidade, para mim, inaceitável. Como sociedade e como brasileiros não podemos nos acovardar e nos submeter aos facínoras e torturadores. Viver sobre a égide do medo não é viver. Viver sobre a égide do medo é deixar-se vencer.

Portanto, não se precipitem ao receber uma ligação como essa. Eles estão acostumados e utilizam uma técnica, chamada “leitura fria”, que consiste em usar tudo o que você diz para tornar o golpe o mais verídico possível. No nosso caso, minha mãe ao atender ao telefone falou o nome da minha irmã. Espero que você não passe por isso. Mas, se passar, fique atento. Deus os abençoe, hoje e sempre.

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OBS: Nomes e detalhes foram omitidos por questão de segurança.

Fernanda Andrade
Enviado por Fernanda Andrade em 22/02/2008
Reeditado em 08/06/2012
Código do texto: T871487
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