EU ACUSO.

Eu não troco a justiça pela soberba. Eu não deixo o direito pela força.

Rui Barbosa

Frente à greve nas Universidades Federais brasileiras, que se arrasta por mais de três meses, ouso, sim, levantar o indicador e acusar.

Eu acuso o MEC e o governo de serem intransigentes, arbitrários e arrogantes ao suspenderem, de forma unilateral, o processo de negociação, num flagrante desrespeito aos professores e ao “Estado de Direito”;

Eu acuso o MEC e o governo de serem os principais responsáveis por esse estado de sucateamento e penúria de nossas Universidades públicas;

Eu acuso o MEC e o governo de trabalharem, ao bel prazer, dados com objetivos específicos de manipular a opinião dos brasileiros;

Eu acuso o MEC e o governo de utilizarem pseudo-sindicato como forma de falso respaldo aos seus interesses;

Eu acuso o MEC e o governo de apelarem para a chamada “violência simbólica”, ameaçando cortar pontos, induzindo certos reitores, ao invés de dialogarem competentemente, sem máscaras, sem blefes, com os legítimos representantes sindicais de nossa categoria;

Eu acuso o MEC e o governo de seguirem, a fogo e ferro, as recomendações de organismos internacionais interessados apenas na famigerada “mercantilização” das coisas;

Eu acuso o MEC e o governo de traírem os trabalhadores em geral quando se entregam às ondas neoliberais, travestidos por idéias de salutar globalização, que assolam o Ocidente;

Eu acuso o MEC e o governo de não nos apresentarem, até agora, uma política universitária consistente, viável e, acima de tudo, digna do povo brasileiro;

Eu acuso o MEC e o governo de, no fundo, artificializarem ainda mais a Universidade pública, criando instituições a torto e a direito, sem sequer fortalecerem as já existentes. Haja vista a realidade da Universidade a qual pertenço;

Eu acuso o MEC e o governo de, mesmo ante tantas evidências e tantos fatos de profundo descaso pela Educação, cinicamente encapotarem-nos como se estivessem acima do bem e do mal;

Eu acuso o MEC e o governo de se assanharem na direção de acabar com o direito sagrado, pacifista, de dizermos não aos desmandos, aos erros, às exorbitâncias de qualquer esfera governamental;

Enfim, eu acuso o MEC e o governo de estarem, lamentavelmente, apequenando gerações inteiras de nosso País, posto as condenarem a uma formação precarizada. Diria até, de estarem produzindo uma geração de quase debilóides.