UMA TRINDADE NECESSÁRIA.

Cidadãos mobilizados fundam e

refundam a sociedade e a fazem

funcionar dentro de padrões

éticos.

Leonardo Boff

A sobrevivência salutar de um povo passa por paradigmas éticos. Do contrário, fatalmente se instalará um labirinto complexo de interesses onde a regra geral consiste num vale tudo e, como decorrência, reina o inaceitável “salve-se quem puder”. Assim, na busca de tais referências, devemos aplicar amiúde, como nos alerta mestre Boff, ao menos as três grandes virtudes a seguir: audácia, prudência e temperança.

Sem nos apossarmos da audácia, não há caminhos abertos, não há verdades desbravadas. Os audaciosos fazem acontecer, não se intimidam frente aos obstáculos, estão sempre avançando rasgando as veredas das realizações. Todavia, é bom lembrar que audaciosos sem juízo, sem causa (correndo atrás de ventos) colherão, inexoravelmente, a insensatez. De modo que toda audácia geradora de solidão, não importa de e em que nível, é puro desvario, não vale a pena.

A prudência, quando de mãos dadas com a ousadia, jamais nos arrastará à ruína, à frustração, ao desencanto. O exercício desta virtude nos auxilia nas escolhas que a todo instante somos instados a fazer nos indicando sempre as melhores saídas. Tais escolhas nunca são apenas de caráter individual. Não, o prudente vai muito além considerando, acima de tudo, o Outro, o próximo, o semelhante e até os eventuais inimigos. É preciso, no entanto, que tenhamos bastante cuidado para não cairmos no seu excesso que reduz o prudente a um covarde, um pusilânime, um parasita.

Por sua vez, a temperança é o verdadeiro sal que nos mantém lúcidos evitando sim os radicalismos atoleimados. Aquele sob o manto da temperança procura , no dizer de Boff, “a justa medida, o ótimo relativo, o equilíbrio entre o mais e o menos”. No fundo, um outro nome desta imprescindível virtude é Sabedoria . Com ela, sabemos bem aonde iremos e como resolver tudo a partir de escolhas inteligentes, viáveis , respeitosas.

Portanto, antes de realizarmos qualquer empreitada, seja ela de que dimensão for (ações pragmáticas, lançar farpas, emitir juízos de valor, criticar quem derrapou etc.) – ainda mais sob esse nefasto estádio de tantas turbulências ético-morais -, é mister nos vestirmos destas virtudes .