O meu falar
Falar parece tão simples, mas quando nos propomos a falar com outros órgãos, que não a boca, o ato de falar torna-se uma tarefa árdua mas irresistível.
Quando direcionamos as palavras na formação da história que queremos registrar, muitas vezes as palavras, adquirem significação contundente.
Articular palavras na tentativa de exprimir alguma idéia ou sentimento, é a arte que alguns seres carregam consigo.
O poeta fala com os olhos da alma, dispertando atenção com palavras arrecadadas de um mundo complexo e ao mesmo tempo, impregnado de uma ótica contemplativa.
Escrever é uma arte milenar, que implica inspiração, elevação nas idéias, peculiariedade humana.
Cada frase formada, justaposta, vai desencadeando fatos que serão pelo leitor interpretados e questionados, daí a importância da simplicidade comunicativa do autor.
Palavras não são meras partículas alfabéticas, lançadas ao ar, cada palavra proferida, seja lá pelo meio que for, gera consequências e têm significação que afeta, que se alastra, causando mudanças na vida dos seres humanos.
Pessoas dotadas de maior sensibilidade, quando aficcionadas pelo mundo da escrita, dão vida às palavras, e os efeitos são surpreendentes.
Transformam o sentido real da palavra em sentido figurado, colorindo e aguçando a imaginação.
Falar torna-se uma tarefa árdua, quando é necessário ser espontâneo, quando é necessário expor através das palavras a personalidade, porque o estilo revela o caráter literário do autor, e sintetiza o pensamento pessoal de quem escreve.
Falar através da escrita é algo bastante revelador.
É prazeroso falar com os olhos do coração, porque as palavras saem pulsando, numa variada gama de teorias sobre a vida. Jorra uma natural série de idéias calorosas.
Embora muitas vezes, falar com os olhos do coração pode ser algo perturbador, porque podem surgir palavras amargas, provenientes de um coração ferido e amargurado.
Falar com a boca é falar com perigo. As palavras saem muitas vezes, rápidas demais, sem tempo para verificar a entonação, o peso com que são lançadas.
São deferidas muitas vezes por compulsividade, gerando conflitos internos e externos.
Daí a importancia de ouvir mais e falar menos. De procurar conhecimentos, adquirir maior sabedoria na arte complicada do falar.
Falar é expressar, é soltar o que se carrega ao longo da vida.
Ao longo do tempo o homem vem se aprimorando, sua evolução é gradativa e lenta, mas necessária.
Em meio a tanta evolução tecnológica, a escrita, a fala em seus múltiplos sentidos, vem perdendo espaço e importancia.
Falo a quem queira ouvir-me, que é um ato prazeroso o ato de falar através da escrita, e prazer maior ainda é o de imaginar a reação física, mental e espiritual do leitor que se permite deleitar sobre os meus escritos.
Permita-se leitor amigo, ouvir o meu falar sem boca, ouça apenas o meu falar mudo, silencioso, mas marcante pelas linhas que traço.
Que são críticas expressas com palavras simples, numa tentativa única de elucidar a falta de interesse humano, em fixar-se na história, em fazer-se cravado sob a forma de junção de letras, formando palavras para a concretização do pensamento, dos sentimentos, que cada um de nós traz em si e que é capaz de registrar.