A televisão, o espectador e suas emoções
A propaganda anuncia aquele televisor de cristal líquido. O espectador se sente obrigado a ter uma igual. Claro, hoje em dia ter um televisor moderno é estar caminhando junto com a modernidade e, além do mais, meu vizinho já tem um. E o telespectador pergunta, por que eu não posso ter uma?
É o consumismo. Quantos produtos nos são oferecidos a cada instante pela mídia, principalmente, pela televisão. Esta que chega sem nenhuma cerimônia nos nossos lares. Tira-nos da mesa de jantar para uma poltrona diante a televisão de cristal líquido que foi comprada devido a um comercial tentador.
E o inseparável controle remoto... Mais de 100 canais à nossa espera. Aquela novela que nos faz fugir da realidade. Algumas histórias têm como fundo uma crítica social ou uma reflexão. Bom, pelo menos algumas. Novelas que fazem o espectador ignorar os mais de 100 canais para ficar em um só canal.
E os programas de auditório. "Não, sim, ela merece!" Quantas vezes nos vemos tentados a proferir tais palavras juntamente com as "colegas de trabalho". Ganhar um dinheiro eletrônico através das brincadeiras sem graça no palco de um circo eletrônico ou pegar um aviãozinho valioso.
E quando chegamos em casa... a primeira atividade física, depois do banho, é teclar um controle remoto. O jornal da TV nos mostra as diversas notícias. Trocamos de canais e mais notícias nos são enviadas. Não há tempo de refletir e ter um comentário crítico. Ouvimos o tradicional "boa noite" e esperamos o próximo programa.
Aceitamos as histórias, as brincadeiras sem graça, as piadas, as brigas familiares sem contestarmos. Mas alguns dirão. Eu contesto, mando cartas repudiando tais programas. É meu amigo... mas continua assistindo. E não é sua culpa. É falta de opção. Primeiro, não é todo mundo que tem mais de 100 canais na TV.
Mas será que ter estes diversos canais é ter mais opções?
Não sei. A linguagem da TV está ficando universalizada. Todos os canais visam um bom índice de audiência, visam lucros, querem ter todos os telespectadores dominados pela sua imagem. Até as TVs chamadas educativas estão indo para o mesmo caminho que o Ibope obriga.
Desta maneira, os canais de televisão estão perdendo identidades próprias e, assim, ter cinco canais ou cem é a mesma coisa. Hoje, o que predomina em um canal (por ter mais audiência), todas as outras emissoras terão. É um circulo vicioso.
O espectador e a televisão estão envolvidos em uma grande bola de neve. Um necessita do outro neste mundo onde a única diversão que não é cara é assistir televisão, portanto não há muitas críticas e muitos debates. E para quê? Está muito bom ter uma diversão tão barata em um país economicamente falido.
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